Um ET no seminário

Foto: Ricardo Chaves
Foto: Ricardo Chaves

Mesmo com tecnologia avançada, ainda não existem estudos ou pesquisas que indiquem vida fora da Terra. Nada. Nem um minúsculo ser unicelular. Por isso é tarefa complexa convencer do contrário. Mas quem acredita nessa hipótese se esforça. Mais do que isso: há um mercado que dá conta de alimentar essa ideia.

O III Fórum Mundial de Contatados, realizado em Porto Alegre no último mês de junho, reuniu mais de 500 pessoas dedicadas a estudar a existência da vida no espaço. A inscrição custava até R$ 360 e, durante os três dias de evento, a sala de reuniões esteve sempre lotada. E, claro, uma pequena feira vendia camisetas com estampas espaciais (de R$ 50 a R$ 75), livros, CDs e filmes. Só Marco Antonio Petit, 58, decano da ufologia brasileira, vendeu 85 livros em dois dias. Ao todo, ele já escreveu oito.

Mas uma das joias da coroa do evento foi o depoimento de Asa Branca, 52. Batizado Waldemar Ruy Asa Branca, locutor de rodeios que chegou a ganhar R$ 1 milhão por mês e torrou tudo em noitadas, contou que foi sugado por um feixe de luz vindo de uma nave que planava 7 metros acima dele. Depois, surgiu em uma sala branca e sentou-se em uma poltrona. Seus companheiros de viagem (uns oito) tinham a voz metálica, que ele não entendia. Na decolagem, ficou zonzo, devido à rapidez da manobra. Chegou a outro planeta. O solo parecia areia do mar, as casas eram brancas e pequenas, todas iguais e, na frente delas, pequenos extraterrestres (ETs). Os greys, os mais conhecidos e descritos seres fora da Terra: todo cinza (daí o nome), cabeça ovalada, olhos negros e alongados. Tudo visto da nave. Asa Branca recebeu uma espécie de injeção na mão esquerda e, uns 20 minutos mais tarde, voltou para o ponto de onde tinha partido. A viagem aconteceu na noite de 19 de julho de 2008, em um campo da cidade de Turiúba, a 460 km de São Paulo.

Fórum reúne plateia de cerca de 500 pessoas, que desembolsaram R$ 360 para ouvir, durante três dias, histórias de contatos com seres de outros planetas

Em uma escala de 1 a 10, um contato visual com uma nave de outro planeta está na faixa 1. Coisa básica. Uma interação (conversa ou troca de sinais, por exemplo), na faixa 5. Médio. Agora, abdução, quando o terráqueo é convidado ou levado involuntariamente, é 10.

Para evitar fraudes, os depoimentos de abduções são investigados com hipnose clínica. A psicóloga Gilda Maria Barbosa Moura, formada pela Universidade Gama Filho, do Rio de Janeiro, contou aos participantes como faz as análises para detectar mentiras. Não revelou, no entanto, os sinais que entregam o mentiroso. Com 30 anos de trabalho e análise de casos ufológicos, garantiu que, a cada dez pacientes, de seis a sete falam a verdade: houve abdução.

Da pequena Turiúba de Asa Branca, os participantes “viajaram” para o interior dos Estados Unidos, conduzidos pelo escritor peruano e também abduzido Ricardo Gonzaléz, 41. Formado em Marketing, tem 14 livros sobre a vida fora da Terra. A história do ocorrido em 26 de agosto de 2012, no entanto, foi contada ao vivo. No Monte Shasta (“marca dos pés de Deus quando um dia veio a Terra”, segundo os índios da região), na Cordilheira das Cascatas, Califórnia (EUA), Gonzaléz caminhava em meio à mata quando foi cercado por crianças. Uma luz o puxou para dentro de um cubo, para uma sala toda branca. Seus companheiros de viagem eram gigantes de 2,70 m de altura. Deram um recado em castelhano: “Somos seus amigos, seus irmãos. Sempre estamos com vocês”. Gonzaléz contou que ficou cerca de uma hora com os gigantes, até ser devolvido para o Shasta com a data acertada para um novo encontro. Será em setembro de 2016, no Deserto do Atacama, no Chile.

Na sequência, os participantes foram transportados para o interior do Ceará pelas histórias do major José Welliston Paiva, 51. Piloto da Coordenadoria Integrada de Operação Aérea da Polícia Militar do Ceará, ele disse conhecer 90 casos de contatos com ETs, 50 deles em Quixadá, a 167 km de Fortaleza. Ele deu detalhes de como são esses contatos: os ETs dizem de onde são, mas os nomes são complicados, ele esqueceu. Alguns aparecem envoltos em uma bolha transparente, para evitar contaminar os terráqueos com sua radiação. Vêm de uma nave-mãe que fica em volta da Terra. Na verdade, viajam de mais longe, mas trocam suas naves nessa espécie de estação espacial cósmica por outras naves projetadas para entrar na atmosfera terrestre. Antes de fazer contato, eles selecionariam as pessoas.

O major também contou que andou numa nave na noite de 2 de janeiro de 2012. Estava em uma praia cearense quando foi convidado para subir no aparelho. O piloto era “alto, loiro, bonitão” e tripulava usando um comando mental. Deram uma volta pela região e pousaram novamente na praia.

Nenhum relato, no entanto, causou maior furor do que o feito por Laura Eisenhower. Bisneta do 34º presidente dos Estados Unidos, Dwight Eisenhower, ela foi muito aplaudida. Contou que o mundo vive uma “janela de transformação estelar”, período em que a Terra está sendo visitada por ETs benevolentes que preparam as pessoas para um desenvolvimento espiritual. Mas, fez um alerta, também existem os ETs do mal.

Laura garantiu que o antecessor de seu bisavô, o presidente americano Franklin Roosevelt, o primeiro-ministro inglês Winston Churchill e o líder alemão Adolf Hitler se encontraram com ETs durante a Segunda Guerra e fizeram alianças secretas, mantidas até hoje, que permitem a realização de experiências na Terra envolvendo humanos e alienígenas. Em solo americano, essas experiências acontecem na famosa Área 51 (uma base militar secreta no deserto de Nevada). Em 1954, disse Laura, seu bisavô deu um basta: exigiu que não só os militares, mas também ele, presidente, tivessem conhecimento do que ocorria ali. Foi feito um acordo entre americanos e ETs, que se chamou Cavalo de Troia, hoje sob o comando da unidade Blue Moon da Agência de Segurança Nacional (NSA). O acordo permitiu a continuidade das experiências e está na etapa Alternativa 4: a colonização de Marte que, segundo Laura, já tem bases sólidas desde os anos 1960. Convidada para visitar o planeta vermelho, recusou. Disse que preferiu ficar na terra para “liberá-la do sistema de controle”.

A “família cósmica” já marcou um reencontro: em São Paulo, durante uma semana de 2016 (a data ainda não está definida). Será mais uma oportunidade para legitimarem suas convicções, em mais uma tentativa de convencer este mundo que há vida fora da Terra.


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