Um estudo da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, sugere que o autocontrole pode influenciar na ocorrência de perdas circunstanciais de memória.
A ideia é a seguinte: você está correndo em uma direção, mas percebe que pode bater em alguém e se vê obrigado a mudar de trajeto. Nessa mudança, a probabilidade de gravar qualquer detalhe é menor do que se continuasse no embalo da corrida.
Esse fenômeno é conhecido como “resposta de inibição” e ocorre quando nos vemos obrigados a interromper uma ação por alguma fatalidade, como no exemplo acima.
O que os pesquisadores da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, testaram é se essa resposta de inibição afeta outras funções do cérebro, como a memória e estados de atenção. Os resultados do estudo foram publicados ontem no Journal of Neuroscience.
Na pesquisa, os participantes fizeram um teste de computador. Alguns deles foram orientados a apertar um botão caso vissem a face de um homem; e a ficarem inertes se aparecesse uma mulher na tela. Os outros fariam o contrário.
Depois, os indivíduos recrutados para o estudo foram convidados a fazer uma atividade aleatória (não relacionada à pesquisa).
Os pesquisadores, então, interromperam a atividade e mostraram novamente as faces do teste anterior. O objetivo era saber se os envolvidos conseguiam reconhecer os rostos.
Eis, então, o resultado: aqueles que tiveram que pressionar o botão quando viram as faces tinham menor probabilidade de lembrá-las depois.
“Nós não tínhamos ideia que isso fosse acontecer”, disse Tobias Egner, um dos autores do estudo e professor-assistente na Universidade de Duke.
“O engraçado é que até então era possível argumentar muito facilmente que o cancelamento de um estímulo poderia torná-lo mais memorável.”
Por quê?
Após o teste, os cientistas fizeram outro experimento para compreender melhor o motivo dos lapsos de memória. Para isso, submeteram os participantes a uma máquina de ressonância magnética enquanto realizavam a mesma tarefa anterior.
A ressonância permite avaliar o fluxo sanguíneo no cérebro e, portanto, dá uma ideia de quais áreas estariam mais “ativadas” ou “desativadas” durante a resposta de inibição.
Os achados dos pesquisadores corroboraram o experimento anterior. Quando um participante apertava um botão, ele também “desativava” as áreas do cérebro relacionadas à memória.
Para quê?
Egner e seu time de pesquisadores acreditam que os resultados ajudam a entender um fenômeno importante no Transtorno do Déficit de Atenção.
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