Primitivo ou erudito? Não dá para radicalizar

Arte popular ou arte erudita? Quando se fala de conceitos, por qualquer ângulo que se analise a questão, não dá para radicalizar. As duas vertentes, aparentemente distintas, se afastam e se cruzam constantemente. Nesta quinta edição, a ARTE!Brasileiros levanta questões que correm por fora do mercado internacional da arte “erudita”. O assunto da inspiração, recriação ou simples apropriação da arte primitiva é retomada com a exposição do MoMA, Primitivismo no Século 20. Picasso, Henry Moore, Paul Klee se deslumbraram com a arte da África, Oceania, Ásia e Américas. Nessa coletiva suas obras foram colocadas lado a lado, mostrando o quanto a arte primitiva serviu de estímulo para que eles ousassem.

Os museus brasileiros também costuram suas coleções com a linha tênue entre o primitivo e o erudito, como confirmam artigos sobre o Museu Afro Brasil, o Pavilhão das Culturas Brasileiras, ambos em São Paulo, ou em espaços culturais particulares, como o Inhotim, em Minas Gerais, e a Oficina Brennand, em Pernambuco. Convidamos críticos de arte, galeristas, artistas, diretores de museus, pesquisadores para refletirem sobre o assunto. O resultado é tão caleidoscópico quanto as questões que o tema suscita. Como comenta em artigo, Adélia Borges, diretora do Pavilhão das Culturas Brasileiras: “Construir diálogos entre as culturas letradas e iletradas, ou cultas e populares, é o objetivo do museu evidenciar como ambas se alimentam”.

Não foi por acaso que um mês antes da morte de Antonio Poteiro, já o havíamos elegido capa desta edição. Afinal, ele foi um dos artistas que melhor materializou a alegria visual da pintura primitiva. Seus personagens e temas são um tributo à mistura genial que compõe a alma da cultura brasileira.


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