Robôs e técnicas menos invasivas se unem, com sucesso, para vencer tumor de estômago

Cirurgiões têm ajuda de robôs em procedimentos mais delicados. Foto: Ingimage
Cirurgiões têm ajuda de robôs em procedimentos mais delicados. Foto: Ingimage

Um dos maiores desafios a serem superados no tratamento do câncer é conseguir que a doença seja descoberta ainda no início. Na maioria dos casos, porém, ainda ocorre o contrário. O diagnóstico dos tumores de estômago, por exemplo, é feito quando a doença está em fase adiantada em 80% dos casos, como mostrou um levantamento recente sobre o tratamento desses tumores feito pelo hospital A. C. Camargo Cancer Center, em São Paulo. 

Em estágio inicial, é mais fácil vencer o câncer. Mas a medicina está buscando tratamentos menos agressivos também para enfrentar a doença avançada. E os resultados dessas estratégias já começam a aparecer, como indica o mesmo levantamento do A.C.Camargo. Ali, 7 entre 10 procedimentos para retirada do câncer de estômago realizados na instituição – a maioria em pacientes em fase adiantada – se valem de técnicas minimamente invasivas, como a laparoscopia (feita por pequenos cortes) e a cirurgia robótica.  

O achado indica uma mudança na maneira de tratar a doença. Até 2008, menos de uma entre 20 cirurgias por câncer do aparelho digestivo alto ocorriam por via minimamente invasiva. 

A cirurgia menos invasiva sempre foi mais indicada para casos iniciais. Mas pode ser recomendada também para tumores do trato digestivo alto. “Hoje já se pode obter ótimos resultados também ao operar tumores mais extensos”, diz o cirurgião oncológico Felipe Coimbra, diretor do Núcleo de Cirurgia Abdominal do A.C.Camargo. Nestes casos, de acordo com Coimbra, o procedimento possibilita dissecções mais precisas e melhor acesso às áreas mais profundas.

Os resultados estão atrelados, obviamente, ao treinamento do cirurgião e sua equipe e ao número de cirurgias realizadas com sucesso. Por isso, o paciente pode e deve perguntar ao médico qual é a experiência dele, quantos casos já operou por esse método e como foram seus resultados. Ainda que no Brasil essa atitude não prevaleça entre os pacientes, ela é comum nos Estados Unidos e pode aumentar a segurança de quem irá se submeter a um procedimento cirúrgico.  

As cirurgias minimamente invasivas para o câncer do aparelho digestivo são feitas por meio de cortes pequenos (de cerca de dois centímetros) na pele do abdômen. Por essas aberturas são introduzidos cateteres, pinças longas e uma microcâmera para mostrar o que ocorre no interior do organismo do paciente. 

Médicos operam no A.C.Camargo com auxílio de braços robóticos. Foto: A.C.Camargo.
Médico opera no A.C.Camargo com auxílio de braços robóticos. Foto: Divulgação/ A.C.Camargo.

De modo geral, os métodos minimamente invasivos oferecem pós-operatório mais rápido e menos sofrido. “O paciente tem menos dor, precisa menos de  analgésicos mais fortes e tem mais disposição para caminhar e se movimentar fora do leito de internação”, descreve o cirurgião Felipe Coimbra. Outros fatores que contribuem para a recuperação são a redução do risco de sangramento e da necessidade de transfusão durante a cirurgia e a maior agilidade na retomada da alimentação e na definição do tratamento posterior, como a quimio ou a radioterapia.

Coimbra diz que um dos aspectos dessa tecnologia que contribui para aumentar a segurança do procedimento minimamente invasivo é o sistema de  imagens em high definition (HD). “Além de usar o recurso da imagem tridimensional, o cirurgião amplia sua possibilidade de movimentos com as pinças e braços do robô”, acrescenta Coimbra.  

Leia também entrevista com o cirurgião oncológico Felipe Coimbra, diretor do Núcleo de Cirurgia Abdominal do A.C.Camargo, sobre o uso de métodos menos invasivos para tratar o câncer estomacal. 

No mundo, o câncer de estômago é a segunda causa de morte em decorrência da doença.  À frente estão os tumores de pulmão.

 No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer estima mais de 20 mil casos novos de câncer de estômago em 2015 e mais de 8 mil mortes anuais em decorrência da doença. É o quarto tipo mais comum em homens e o sexto mais frequente em mulheres.

Em âmbito mundial, trata-se da segunda maior causa de morte por câncer, de acordo com o Globocan 2012. O principal fator para que isso ocorra é o diagnóstico tardio.


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