No que é considerado o estudo mais detalhado de poluição já feito nos Estados Unidos, cientistas da da NYU Langone Medical Center, estabeleceram uma forte relação entre as partículas químicas do ar que respiramos e um aumento global do risco de morte.
O artigo foi publicado nesta terça-feira (15), na edição on-line da revista Environmental Health Perspectives.
Os cientistas concluíram no estudo que mesmo um mínimo aumento na poluição do ar (10 microgramas por metro cúbico de ar, por exemplo) eleva em 3% o risco de morte global, em 10% o risco por morte cardíaca e em 27% o risco por morte respiratória.
Para chegar a esses resultados, os pesquisadores avaliaram dados de uma pesquisa de saúde e dieta realizada pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH) e pela Associação Americana de Aposentados (AARP).
O estudo NIH-AARP envolveu 566.000 voluntários masculinos e femininos, com idades entre 50 e 71 anos. Os participantes foram recrutados em regiões dos EUA com altos níveis de poluentes como Califórnia, Flórida, Louisiana, New Jersey, Carolina do Norte, Pensilvânia, e áreas metropolitanas de Atlanta e Detroit.
Com esses dados em mãos, os pesquisadores realizaram cálculos complexos que cruzaram um risco aumentado de saúde com o índice de poluição registrado em cada região.
Essa relação só foi possível porque foram retiradas da conta outras variáveis que poderiam ser associadas ao risco aumentado de morte como a idade, o nível educacional, o Índice de Massa Corporal, o consumo de álcool e de cigarro e até a renda.
“Os dados somam-se a outras evidências que já estabeleciam ser a poluição danosa para a saúde, de modo geral, com risco aumentado comprovado para doenças cardiovasculares e morte global”, diz George Thurston, um dos autores da pesquisa.
“Nosso estudo é notável porque os dados utilizados vêm de fontes confiáveis e foram tratados rigorosamente”, completa.
Por que a poluição mata
O especialista George Thurston explica que as partículas finas podem contribuir para o desenvolvimento de doenças cardíacas e pulmonares potencialmente fatais porque elas deslizam pelas defesas do corpo e são absorvidas profundamente nos pulmões e na corrente sanguínea.
Esse tipo de partícula, explica Thurston, não é eliminada pelo organismo por meio da tosse e do espirro, como grãos de areia e outras partículas maiores.
Outro agravante, segundo o pesquisador, é que essas partículas são de produtos tóxicos como arsênico, selênio e mercúrio, e também pode transportar gases poluentes, incluindo enxofre e óxidos de nitrogênio, altamente prejudiciais aos pulmões.
O próximo passo do grupo de pesquisa agora é conseguir detalhar quais são as fontes de poluição mais danosas para orientar políticas públicas que visem a eliminação e regulação desses poluentes.
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