O analista Mauro Leos, da Moody’s, agência de classificação de risco, analisou nesta terça (15) como “positivo” o pacote de corte de gastos e aumento de receitas anunciado na segunda-feira (14) pelos ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa. As medidas têm impacto total de R$ 64,9 bilhões, a maioria dependendo de aprovação do Congresso Nacional.
“A Moody’s acredita que o plano do Brasil, de adotar medidas estruturais de rigidez do Orçamento, é um desenvolvimento positivo. Afrouxar essa rigidez do lado dos gastos é crítico para a estabilidade da dívida, condição necessária para que o Brasil preserve o rating Baa3 com perspectiva estável”, disse Mauro Leos, analista sênior da agência.
No início de agosto, a Moody’s anunciou o rebaixamento da nota de crédito do Brasil de Baa2 para Baa3, com perspectiva estável. Com a mudança, o país manteve o grau de investimento, dado a países considerados bons pagadores, mas ficou a um degrau de ser rebaixado para uma economia com grau especulativo.
Uma outra agência, a Fitch, manteve a nota brasileira em abril, mas revisou a perspectiva para negativa. Já a Standard&Poor’s tirou o selo de bom pagador do país.
O governo anunciou o pacote de medidas de corte de gastos e aumento de receitas após o rebaixamento pela S&P. O objetivo é tentar fazer superávit primário (economia para pagar os juros da dívida) de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e riquezas produzidos em um país) no ano que vem, recuperando, assim, credibilidade junto aos investidores internacionais.
De acordo com Mauro Leos, as medidas indicam “compromisso” do Brasil com a meta de 0,7%. “O objetivo desse novo pacote é manter a sustentabilidade fiscal, à luz de indicações de que o governo não será capaz de entregar um superávit primário em 2016. É uma tentativa do governo de demonstrar que está no controle e proativamente abordando a situação fiscal. O anúncio confirma o compromisso do Brasil de atingir um superávit primário de 0,7% do PIB em 2016.”
O analista disse ainda que, do ponto de vista da Moody’s, a proposta do governo é uma abordagem “mais balanceada que as anteriores”. “Essa proposta se direciona ao aumento persistente dos gastos ao longo dos anos.” Mauro Leos acrescentou que, apesar de o plano ser positivo, a Moody’s mantém a visão de que a carga da dívida do país continuará a aumentar em 2015 e 2016.
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