Raí Souza Vieira de Oliveira, o super-homem da nossa capa, é o que se costuma chamar de cidadão do mundo. O mesmo simpático sorriso que ostenta em Paris também o acompanha por aqui, onde costuma surpreender os viajantes do metrô de São Paulo que se perguntam: “Mas será que é ele mesmo?”.

Dias antes de nos conceder sua entrevista e posar para a foto de J.R. Duran, ele estava na França visitando Raíssa, de 21 anos, uma de suas três filhas, que estuda Artes e trabalha por lá. De Paris, foi para Lençóis Maranhenses com suas duas outras filhas, Emanuella, de 27 anos e Noáh, de 5. Sua neta Naira, de 11, também foi. Ela é a filha de Emanuella e todas adoraram a semana de férias. Ele inclusive.

A entrevista – da qual todos aqui na revista gostamos muito – aconteceu no escritório dele, perto de sua casa na Vila Madalena, bairro cult e charmoso de São Paulo. No dia seguinte ao nosso bate-papo, Raí passou na sede da Fundação Gol de Letra. A fundação atua na Vila Albertina, zona norte da capital paulista. Uma comunidade com precário atendimento de necessidades básicas e que registra uma cultura de violência, resultado natural da ocupação informal, do desemprego, do tráfico de drogas. Nem cult nem charmosa. E é lá que, junto com Leonardo Nascimento de Araújo, seu companheiro de Paris Saint-Germain e de seleção brasileira em 1994, Raí leva para frente uma proposta educacional fundamentada na proteção integral à criança e ao adolescente, com focos no direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer.

Toda essa rotina ele faz com a tranquilidade de quem procurou e procura se desvendar e melhorar como homem, como cidadão. Como pai, como avô, como craque na vida.

Inevitável pensar nos talentosos meninos do Santos e nas bobagens que fizeram no Twitter, nas bravatas sobre comparações salariais com gastos com ração para cachorro. Também pensei na seleção brasileira. Lembrei da imagem de seu técnico que manteve as mãos no bolso e não cumprimentou o presidente da República. No descontrole de Felipe Melo e no desfecho pouco surpreendente. Pensei em tudo o que está acontecendo às voltas do goleiro do Flamengo. Fiquei pensando no que Miguel Falabella disse sobre a morte de Rafael, o filho de Cissa Guimarães: “Estou indignado com o ato violento e a impunidade tamanha. Precisamos repensar para onde nós vamos e educar este País. As pessoas estão completamente sem limites. Tragédia horrorosa causada pela inconsequência de imbecis”.

Pensei tudo isso e, como um feliz contraponto, vi o quão importante é um cara como Raí. Existir um brasileiro como ele como exemplo. Uma personalidade forjada e trabalhada, sem preconceitos, com muito bom humor e com muito caráter. Um supercaráter!


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