Ir ao trabalho por vias mais tranquilas ao invés de realizar o caminho por rotas principais pode evitar contato com picos de poluição, conclui pesquisa apresentada neste domingo (27) no Congresso Internacional da Sociedade Respiratória Europeia.
Para chegar aos resultados, pesquisadores do Instituto Blizard na Queen Mary University of London (Londres, Reino Unido) usou como parâmetro as concentrações de carbono negro.
O composto, produto da combustão incompleta do diesel, é o segundo poluente que mais contribui para o avanço do efeito estufa (aquecimento da Terra) –está atrás somente do dióxido de carbono (CO2).
Na saúde, estudos clínicos já associaram o carbono negro com uma variedade de disfunções, como uma maior incidência da asma e maior risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Lee Koh, autora da pesquisa, usou um monitor portátil para medir os níveis de partículas de carbono negro durante a caminhada entre Whitechapel, no leste de Londres para Moorgate, que é mais próximo ao centro. Ela usou as rotas principais no horário de pico, entre 16h e 19h.
Com os dados das avenidas principais, Koh refez o caminho no mesmo horário. Só que, dessa vez, por vias mais tranquilas.
Nas vias principais, a média de produção de carbono foi entre 3339 e 6995 ng/m³ a cada cinco minutos. Já nas rotas com menos movimento, mas próximas a grandes avenidas, a média ficou entre 2555 e 5854 ng/m³.
Segundo Lee Koh, embora haja uma diminuição na concentração, ela não é estatisticamente significativa. O que, de fato, faz a diferença é a exposição a picos de concentração que, nas grandes avenidas, chegam a ser inaceitáveis para a saúde.
Assim, enquanto Koh não registrou picos de exposição de carbono negro nas rotas tranquilas; nas vias principais, porém, foram registradas três ocasiões em que os níveis de carbono negro excederam 10000 ng/m³ para cada cinco minutos.
O carbono negro está enquadrado na categoria de partículas inaláveis finas no Brasil. Aqui, os índices de qualidade do ar consideram ruim a exposição de 50.000 ng/ m³ num período total de 24 horas (a amostra de Londres previa picos de 10000 ng/m³ a cada cinco minutos).
“Sabemos que a exposição ao carbono negro está associada ao aumento de internações hospitalares devido a sintomas respiratórios, e que a exposição a longo prazo está associada com o aumento da prevalência de asma”, diz Koh. “O nosso estudo conclui que refazer a rota faz diferença na exposição a poluentes.”
Deixe um comentário