Na ONU, Dilma diz que Brasil “vai seguir caminho democrático”

Foto: Roberto Stuckert Filho/ PR
Foto: Roberto Stuckert Filho/ PR

A presidenta Dilma Rousseff falou sobre a crise econômica e política brasileira na abertura da 70ª Assembleia Geral da ONU, na manhã desta segunda-feira (28), em Nova York, nos Estados Unidos. Em um claro recado ao movimento que pede seu impeachment no País, disse que o “Brasil vai continuar trilhando o caminho democrático”, porque “muitos lutaram por isso quando as leis foram vilipendiadas pela ditadura militar”. Em outro momento, ela justificou a “lenta recuperação da economia mundial e o fim do super ciclo das commodities” como motivações principais para o mau momento econômico do País.

“Os avanços que logramos nos últimos anos foram obtidos em um momento de consolidação de nossa democracia. O funcionamento do Estado tem sido escrutinado de forma imparcial pelos poderes e pelos organismos públicos que investigam crimes. O governo brasileiro não tolera e não tolerará corrupção. Nós, brasileiros, queremos um país em que a lei seja o limite. Muitos de nós lutamos por isso justamente quando as leis foram vilipendiadas pela ditadura. Sem excessos, em que os juízes julguem com liberdade, imparcialmente e desligados de paixões politico-partidárias. Queremos um país em que o confronto de ideias se dê em um contexto de civilidade e respeito. Queremos um país em que seus governantes se comportem rigorosamente em suas funções. Queremos que as manifestações de posições diversas direito de cada um sejam respeitadas. As sanções de lei devem cair sobre todos“, disse ela, em fala pausada.

“Tentamos evitar a crise econômica reforçando o investimento e aumentando a renda. Esse esforço chegou ao limite. A lenta recuperação da economia mundial e o fim do super ciclo das commodities alterou nosso crescimento. O Brasil, no entanto, não tem problema estruturais graves. Nossos problemas são conjunturais. Por isso, estamos reequilibrando nosso orçamento assumindo uma redução de nossas despesas”, continuou. “Estamos num momento de transição para um novo ciclo de expansão mais duradouro e consolidado”, completou.

Sobre os outros assuntos mundiais, Dilma Rousseff pediu a criação do estado palestino, o fim do assentamentos de Israel em territórios ocupados, o fim do embargo econômico a Cuba e que o trânsito de pessoas pelo mundo seja organizado de forma menos frouxa, no que considerou “um absurdo existir um mundo em que as pessoas não possam transitar livremente”.  Nesse momento, como em vários outros, a presidenta brasileira foi aplaudida pelos líderes mundiais que acompanhavam o discurso. “Estamos de braços abertos para receber refugiados. Somos um país multiétnico que convive com as diferenças para sermos mais ricos e mais diversos, cultural, social e economicamente”, afirmou. 

Ela ainda criticou a própria ONU – outro recado sobre a posição do Brasil na entidade – dizendo que as Nações Unidas precisam aumentar o número de membros permanentes do Conselho de Segurança, de modo que as decisões sobre o mundo sejam mais abrangentes. O Brasil postura uma cadeira no conselho desde o início do século. Até o final desta manhã, o Itamaraty ainda não havia publicado a íntegra do discurso de Dilma, como faz usualmente. 


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