Os imperdíveis!

Foto: Reprodução
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Mais conhecido como roteirista de alguns filmes de Win Wenders – notadamente Asas do Desejo –, o austríaco Handke, além de dramaturgo, escreveu romances importantes, como A Mulher Canhota, que o colocam na linha de frente da literatura contemporânea.

Inéditas no Brasil, Predição, Insulto ao Público, Autoacusação e Gritos de Socorro revelam o autor em começo de carreira, aos 20 e poucos anos, em seu momento mais radical. Escritas nos anos 1960, são pequenos manifestos (ou provocações) por um teatro livre de convenções.

“Vocês não estão assistindo a uma peça de teatro. Vocês não estão assistindo. Vocês são o ponto focal. Vocês estão no fogo cruzado. Vocês estão sendo inflamados. Vocês podem pegar fogo. Vocês não precisam de um padrão. Vocês são o padrão. Vocês têm de ser descobertos. Vocês são a descoberta da noite.”

Peças Faladas
Peter Handke
Tradução de Samir Signeu
Perspectiva, 240 páginas

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Escritos a partir de 1987, os 13 contos aqui reunidos foram trabalhados com rigor por Araújo nos últimos sete anos. O tom
é irônico e os personagens quase sempre beiram a loucura ou a simulação. A epígrafe, tirada de Montaigne, resume o espírito do livro: “Tudo abraçamos, mas só vento agarramos.”

Crítico de cinema dos mais destacados no País, Inácio Araújo também escreveu o romance Casa de Meninas, que em 1987 recebeu o prêmio da APCA para autor revelação. Tem publicados ainda dois livros de ensaio: Hitchcok, o Mestre do Medo e Cinema – o Mundo em Movimento.

“Pela felicidade de Anita, decidiu-se pela operação. Ramon era um espanhol às antigas, o que tornava necessário evitar que soubesse da vida airada que minha irmã levara nos últimos três anos. Recolocar o hímen antes que ele chegasse ao Brasil tornou-se, assim, prioridade familiar.”

Urgentes Preparativos para o Fim do Mundo
Inácio Araújo
Iluminuras, 160 páginas

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Ishiguro ficou famoso após a adaptação para o cinema de seu romance Os Resíduos do Dia, vencedor do Booker Prize em 1989. Japonês de Nagasaki (1954), mas radicado na Inglaterra desde os cinco anos, também é autor de Não me Abandone Jamais, de 2005, outro livro levado com sucesso para as telas.

Incursão do autor no universo da fantasia, depois de dez anos sem publicar, traz a história de um casal idoso que atravessa a Grã-Bretanha em ruínas, na época do rei Arthur, em busca do filho desaparecido. No caminho, repleto de perigos, encontram cavaleiros da Távola Redonda, ogros e uma dragoa.

“Axl viu o que parecia ser a cabeça de uma criatura presa a um pescoço grosso, cortado logo abaixo da garganta. Caracóis de cabelo escuro pendiam do cocuruto, emoldurando um rosto sinistramente desprovido de feições: (…) havia apenas faixas
de pele encaroçada, como a de um ganso.”

O Gigante Enterrado
Kazuo Ishiguro
Tradução de Sonia Moreira
Companhia das Letras, 400 páginas

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Filho de pais fugidos do Holocausto, Keret nasceu em Tel Aviv, em 1967. Caso raro de contista best-seller, tem seus livros traduzidos para mais de 25 línguas. No ano passado saiu, pela mesma Rocco, o surreal e engraçadíssimo De Repente, uma Batida na Porta. Keret também é cineasta e autor de quadrinhos.

Nestas crônicas bem-humoradas, Keret descreve sete anos de sua vida em Tel Aviv, Israel, com todo o absurdo que cerca a região. Entre os personagens memoráveis estão sua irmã ultraortodoxa; sua esposa, uma mulher “imoral”; e Lev, o filho recém-nascido, “um esperto manipulador”.

“Tudo começou com um sonho. Muitos problemas na minha vida começam com um sonho. E nesse sonho eu estava em uma estação ferroviária de uma cidade desconhecida e trabalhava em uma barraca de cachorro-quente. Uma horda de passageiros impacientes se amontoava em torno dela.”

Sete Anos Bons
Etgar Keret
Tradução de Maira Parula
Rocco, 192 páginas

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Ford nasceu no sul dos EUA, em 1944. É tido como um dos maiores escritores da atualidade, volta e meia cotado para o Nobel. O premiado Canadá é seu sétimo romance. Ele também é autor de Independência, que recebeu o Pulitzer e o PEN/Faulkner Award of Fiction. 

Uma série de contratempos leva os pais do jovem Dell Parsons a assaltar um banco. Dell e sua irmã se veem perdidos. Ele parte rumo ao Canadá e acaba num vilarejo meio deserto e hostil, entre figuras enigmáticas que também atravessaram a fronteira para fugir do próprio passado.

“Nossos pais eram as últimas pessoas no mundo capazes de roubar um banco. Eles não eram criaturas estranhas, não eram criminosos óbvios. Ninguém teria pensado que estavam destinados a acabar do jeito que acabaram. Embora esse tipo de reflexão tenha se tornado vazio quando eles realmente roubaram um banco.”

Canadá
Richard Ford
Tradução de Mauro Pinheiro
Estação Liberdade, 456 páginas

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Novo título da série organizada por Adauto Novaes, reúne 23 ensaios originalmente produzidos para o ciclo de conferências de mesmo nome, concebido e realizado pelo Centro de Estudos Artepensamento. As conferências aconteceram em 2014,
no Rio de Janeiro, em São Paulo, Brasília e Curitiba.

Entre os autores dos textos estão Maria Rita Kehl, Marcelo Coelho, Vladimir Safatle, Guilherme Wisnik, Olgária Matos, Jean-Pierre Dupuy, Frédéric Worms, Isabelle Delpla, Gilles Bataillon, Eugène Enriquez, Oswaldo Giacoia Junior, Francisco Bosco e David Lapoujade.

“Se a possibilidade de gozar com a dor do outro está aberta para todo humano, por outro lado a tortura só existe porque a sociedade, explícita ou implicitamente, a admite. Por isso mesmo, porque se inscreve no laço social, não se pode considerar a tortura desumana.” (Maria Rita Kehl)

Mutações: Fontes Passionais da Violência
Adauto Novaes (org.)
Edições Sesc, 540 páginas

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Saindo da Dinamarca a bordo do pequeno veleiro Ishmael, um pai resolve atravessar o Mar do Norte até a Holanda com sua filha de sete anos. Seria uma pequena aventura, sem maiores consequências. Até que ela desaparece, no meio da noite, no meio do mar, e tudo vira um pesadelo.

Um dos vários romances holandeses que estão aportando no Brasil com o apoio à tradução da Fundação Holandesa de Literatura, No Mar é a estreia em ficção do jornalista Toine Heijmans, que esteve recentemente em São Paulo e no Rio para os eventos do Café Amsterdã.

“Entro novamente na cabine e abro com cuidado a portinha de madeira que leva ao camarote de proa. Estou com medo
de que Maria tenha acordado com o granizo e o tremor do mastro. O barco é uma caixa acústica, os granizos saltam no convés como bolinhas de gude.”

No Mar
Toine Heijmans
Tradução de Mariângela Guimarães
Cosac Naify, 160 páginas

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Filósofo, medievalista, semiólogo e midiólogo, o italiano Umberto Eco nasceu em Alexandria, em 1932. Seu livro de estreia continua sendo o mais famoso: O Nome da Rosa, lançado em 1981 e adaptado para o cinema. Dele também é O Pêndulo de Foucault e História da Beleza, entre outros.

Sétimo romance de Eco, trata dos abusos da imprensa. Ambientado em 1992, ano marcado na Itália pelos escândalos de corrupção e pela operação Mãos Limpas, mostra a redação de um jornal imaginário, especializado em difamar, chantagear e difundir informações falsas.

Número Zero
Umberto Eco
Tradução de Ivone Benedetti
Editora Record, 200 páginas


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