A resposta do ministro do TCU à acusação feita pelo governo de que deve ser afastado do julgamento das contas por ter antecipado seu voto foi desastrosa.
Ele disse que não antecipou, o que pode ser contestado facilmente. Eu mesmo vi Nardes vender seu peixe em ao menos dois programas da Globo News: o do William Waack e o da Mônica Waldvogel.
O interesse dos programas em convidá-lo era justamente o fato de que ele iria lá para dizer que as contas do governo deveriam ser reprovadas. O que é isso senão antecipação de voto? Se não fosse para afirmar isso ele não teria os holofotes que teve.
Diga-se, a bem da verdade, que Nardes não é um magistrado, como se espera de um integrante do Tribunal de Contas da União. Nardes é político, forjado nas hostes da Arena, o partido da ditadura militar, pelo qual se elegeu vereador na cidade de Santo Ângelo, Rio Grande do Sul, em 1973, em plena ditadura Médici, a mais sangrenta das ditaduras brasileiras.
Veio a redemocratização, mas Nardes não mudou seu pensamento político: inscreveu-se no PP de Paulo Maluf, seu companheiro de Arena, pelo qual se elegeu deputado federal.
Não há como não constatar que seu voto contrário à aprovação das contas do governo, e que antecipou ad nauseum na mídia é um gesto mais político do que técnico, a julgar pelos valores ideológicos que defende.
E a sua resposta à acusação de que abriu seu voto antes do julgamento suscita uma questão: ministro do TCU pode mentir?
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