A organização da ONU para educação, cultura e ciência (Unesco) anunciou que o brasileiro Manoel Barral Netto, diretor da Fiocruz Bahia, está entre os ganhadores do prêmio “Pesquisa em Ciências da Vida”. A láurea, destinada a pesquisas feitas ao longo da carreira de Barral Netto sobre malária e leishmaniose, será entregue no dia 14 de novembro na Unesco em Paris.
Em sua terceira edição, o prêmio reconhece projetos de pesquisas em ciências biológicas com o intuito de melhorar a qualidade da vida humana. A entidade destacou a contribuição do brasileiro ao desenvolvimento de ferramentas de controle na área das doenças transmissíveis e relacionadas com a pobreza.
Barral Netto é formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com doutorado em Patologia Humana, também pela UFBA, e pós-doutorado em Imunologia pela Seatle Biomedical Research Institute, nos Estados Unidos. Já foi pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UFBA e diretor da Faculdade de Medicina da Bahia.
Reconhecimento a doenças que afetam países pobres
Junto com o brasileiro, a ONU premiou também o cardiologista indiano Balram Bhargava. O júri destacou sua contribuição no desenvolvimento de ferramentas inovadoras, eficazes e acessíveis para o gerenciamento de doenças cardiovasculares em regiões com poucos recursos.
Outro laureado pela ONU foi o médico senegalês Alpha Amadou Sall, chefe de centro que colabora com a Organização Mundial da Saúde para diretrizes sobre febres hemorrágicas, como a dengue, ebola e chikungunya. A Unesco destacou o seu papel no desenvolvimento e divulgação de ferramentas para o controle dessas enfermidades com potencial de impacto global.
Doenças que afetam países pobres têm sido alvo de prêmios importantes recentemente. Na semana passada, o Nobel de Medicina reconheceu o irlandês William C. Campbell e o japonês Satoshi Omura pela criação de um novo medicamento contra infecções causadas por vermes. Também a chinesa Youyou Tu foi premiada por seu trabalho contra a malária.
Essas enfermidades afetam, segundo a Fundação Oswaldo Cruz, 90% da população mundial, deixam o rastro de 1 milhão de mortos por ano e possuem apenas 10% do investimento global em pesquisa farmacêutica.
Também por volta de 40% da população corre o risco de contrair uma doença tropical negligenciada. A malária, por exemplo, registra 220 milhões de casos no mundo e mais de 600 mil mortes por ano.
Recentemente, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou recursos na ordem de R$ 15 milhões não reembolsáveis para pesquisas na Fiocruz. O foco serão estudos com doenças negligenciadas, como o mal de Chagas, as leishmanioses, a hanseníase, a malária e a tuberculose.
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