Chega a 41% a quantidade de pessoas que aguardam na fila por uma resposta do SUS há mais de seis meses. O índice teve um salto do ano passado para cá; em 2014, a taxa dos que esperavam esse período era de 29%.
Os dados são de pesquisa encomendada pelo Conselho Federal de Medicina divulgada na terça-feira (13). O objetivo do estudo feito pelo Instituto Datafolha foi avaliar, em linhas gerais, a percepção sobre o atendimento em saúde no País.
O índice de espera registrado acima coincide com outros resultados. Se 41% aguardam no SUS há mais de seis meses, não à toa, o tempo de espera para atendimento é o fator que tem pior avaliação do Sistema Único de Saúde (89%).
Há uma compreensão de que o SUS precisa de mais dinheiro para funcionar, perspectiva que acompanha o que é dito por especialistas.
Cerca de 77% afirmam que o governo é falho na gestão dos recursos da saúde pública e 53% relatam que o SUS não tem recursos suficientes para atender bem a todos.
Além da insatisfação com o SUS, no entanto, nem os usuários da saúde privada estão contentes. Os serviços de saúde no Brasil são péssimos, ruins ou regulares para 93% dos brasileiros. E cerca de dois em cada dez brasileiros atribuem nota zero para toda a saúde no País.
O SUS é procurado, mas acesso é difícil
Um total de 86% dos entrevistados (diretamente ou por proximidade com alguém da família) declararam ter procurado a rede pública.
Atendimento nos postos de saúde e consultas médicas foram os serviços mais procurados e os mais utilizados pela população nos últimos dois anos. Mais da metade dos entrevistados que buscou o SUS, porém, relatou ser difícil ou muito difícil conseguir o procedimento pretendido.
Cirurgias, atendimento domiciliar e procedimentos específicos de maior complexidade (diálise, radioterapia e quimioterapia, entre outros) possuem uma avaliação crítica, com mais de 50% alegando difícil acesso –entre procedimentos cirúrgicos, o índice de pacientes que tiveram dificuldade saltou para 63%.
Apenas serviços que se referem ao atendimento nos postos de saúde e à distribuição gratuita de remédios pela rede pública foram melhor avaliados no que tange ao acesso (43% relataram dificuldade).
Atendimento de emergência tem pior avaliação, mas cirurgias são bem cotadas
Aproximadamente sete em cada dez pessoas que buscaram o SUS disseram estar insatisfeitas e atribuíram à rede pública como um todo conceitos que vão de péssimo a regular.
As percepções mais negativas estão relacionadas aos atendimentos de emergências nos prontos-socorros (69%) e nos postos de saúde (65%).
O serviço com avaliação menos negativa foi a oferta de cirurgias: 45% dos entrevistados consideram o atendimento péssimo, ruim e regular. Por outro lado, 55%, consideraram as cirurgias boas, ótimas ou excelentes.
Para a maioria dos usuários dos serviços que renderam avaliação negativa para o SUS (54%), o baixo número de médicos (19%) e a falta de estrutura (15%) e de organização (9%) foram os fatores que mais impactaram essa percepção.
Já para os que deram notas positivas ao Sistema Único de Saúde (46%), a disponibilidade dos médicos (17%), o cuidado dispensado por esses profissionais (15%) e a estrutura existente (11%) ajudaram no processo.
Mais prioridade para a saúde é a demanda do Brasil
A saúde no Brasil é apontada por 43% dos entrevistados como tema que deveria ser tratado com prioridade pelo governo. É a principal preocupação do brasileiro.
Outras áreas citadas estão longe desse índice: educação (27%), combate à corrupção (10%), combate ao desemprego (7%) e segurança (6%). Acesso à moradia, transporte e meio ambiente também foram indicados, mas todos com menos de 2% na pesquisa.
O relatório da pesquisa revela ainda que a importância atribuída à saúde é maior entre as mulheres, os mais velhos e no grupo de pessoas com menor escolaridade. Já a educação ganha destaque entre os homens, entre os entrevistados mais jovens e com maior nível educacional.
Como foi o estudo
Foram ouvidas 2.069 pessoas entre os dias 10 a 12 de agosto de 2015. A amostra é composta por homens e mulheres com idade superior a 16 anos. Um questionário foi dado a cada um desses participantes.
Ao todo, 41% dos entrevistados residem em regiões metropolitanas e 59% vivem no interior. Eles foram convidados a fazer uma avaliação da saúde no Brasil como um todo e do SUS utilizando uma escala de zero (péssimo) a 10 (excelente). A saúde privada, especificamente, não foi avaliada.
Além da visão geral sobre o sistema, havia algumas questões sobre o tempo de espera para diferentes procedimentos e a avaliação sobre a capacidade da gestão dos interesses da população na área.
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