Experimentalismo, expressão autônoma

A fotografia modernista como a conhecemos hoje tem sido admirada em galerias, feiras e salões de arte e não é fruto de geração espontânea nem de movimentos recentes. Ela teve sua origem nos anos 1950 por ação de alguns vanguardistas que ousaram usar a fotografia de modo diferente daquele que se usava até então.

Essa mudança aconteceu principalmente devido aos membros do Foto Cine Clube Bandeirante, notadamente José Yalenti, Thomaz Farkas, Geraldo de Barros e German Lorca. O Salão de Arte, organizado por Vera Chadan, trouxe este ano duas grandes salas dedicadas à fotografia. A sala especial “Fotografia: arte e técnica – evocações de 170 anos de história” ficou a cargo de Max Perlingeiro, já experiente em mostras didáticas.
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É louvável que a fotografia tenha finalmente conquistado o lugar merecido dentro da produção artística nacional. Algumas questões, porém, se apresentam diante daqueles que decidem comprar ou até mesmo colecionar fotografia:

1- Quem ou que garante que o número de obras produzidas ou vendidas será aquele anunciado. Com quem ficará o controle de negativos e matrizes após a morte do artista?

2- Qual a vida média de uma fotografia em determinadas condições climáticas? Que garantias são oferecidas para as nossas condições climáticas? Sabemos que a fotografia, assim como o papel, é extremamente sensível a luz, temperatura e unidade do ar.

Thiago Gomide, da Bolsa de Arte do Rio de Janeiro, informa que há uma política de reposição que está sendo oferecida aos compradores de obras de Vik Muniz e que poderá ser substituída por nova, mediante a entrega do exemplar danificado e o pagamento do custo de produção da obra. Bel Amado, da Galeria da Gávea, RJ, defende a reposição compulsória por parte das galerias vendedoras em caso de negligência ou não informação por parte dos vendedores das condições em que as fotos devam ser conservadas.

3- Serão as edições de fotografia capazes de manter ou até mesmo crescer de valor com o tempo?

4- Como atribuir preço e valor artístico a fotografias que são um fim em si próprias ou um suporte para a criação artística de produtores multimídia? Geraldo de Barros, Mario Cravo Neto, Miguel Rio Branco são artistas já consagrados na técnica e não podem faltar em uma coleção de fotografias com preços variando de 15 a 60 mil reais. Já Vik Muniz chegou a ser vendido por 270 mil reais em leilão realizado recentemente.

A mercadoria fotografia é atraente pelo tamanho, impacto visual que causa a modernidade que representa. Imagens inéditas, improváveis, em grandes formatos em num novo suporte têm atraído novos compradores ao mercado de arte. Como os melhores trabalhos estão chancelados em coleções estáveis, temos então que nos arriscar nas expressões novas e contemporâneas com critério e informação. O tempo julgará o que fica e o que vai. Cabe a nós mesmos nos munirmos de informação e discernimento na hora de comprar. Fotografia é a bola da vez!

Marco Aurélio Jafet é administrador de arte com título de MFA (Master of Fine Arts) pela Columbia University de Nova York


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