Estudos feitos pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e pelo Conselho Nacional de Secretários de Estado da Administração (Consad) revelam que as secretarias de Educação são responsáveis pelo maior percentual de servidores públicos afastados por doenças no Distrito Federal (DF) e em Santa Catarina.
O levantamento do Consad, que foi realizado em 2012 em três estados (Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina) e no DF, indicou que o último lidera o ranking – 58% dos profissionais das escolas foram afastados por motivo de doença pelo menos uma vez no ano.
O estudo indicou que, no DF, 58% dos profissionais das escolas afastados por motivo de doença pelo menos uma vez no ano. Isso faz da educação o setor com maior índice de afastamentos por enfermidades.
Em Santa Catarina, 25% do total de afastamentos são de professores.
No Rio Grande do Sul, a educação aparece como a área com o terceiro maior índice de afastamento entre as secretarias do estado, com 30%.
Os males dos professores
Os transtornos mentais e comportamentais, como depressão, ataques de ansiedade, fobias e distúrbios do sono, são as principais enfermidades que levam ao afastamento no Distrito Federal, de acordo com a Subsecretaria de Segurança e Saúde no Trabalho da Secretaria de Estado de Gestão Administrativa e Desburocratização.
O Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF) estima que atestados com esses problemas representem hoje 70% dos afastamentos. “Uma doença psíquica não é curada em uma semana, Pode levar até meses, anos para o professor se recuperar”, diz a coordenadora da Secretaria de Saúde do Trabalhador do Sinpro-DF, Maria José Correia. “A secretaria não está preparada e nem sempre envia professor para substituir. Em casos de atestados de 15 dias a um mês, os alunos ficam sem professor”, acrescenta.
A professora de matemática Avelina Pereira Neves, 49 anos, do Centro de Ensino Fundamental da 316 Norte, em Brasília, é um exemplo dessa situação. Ela tem 30 anos de profissão e solicitou a aposentadoria para o início de 2016. Não quer deixar a escola, mas chora quando lembra dos males físicos e psicológicos que o exercício do magistério produziu. “Quando você gosta, cria muitos sonhos, não pensa na dificuldade, só pensa no produto do seu trabalho. Quando acaba, está com a coluna e braços ruins, problemas psiquiátricos, tanta coisa”. Por questões de saúde, Avelina chegou a passar dez anos afastada da sala de aula, exercendo outras funções na escola.
De quem é a responsabilidade?
Outra pesquisa, realizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), apontou as principais causas de afastamento de docentes:
– Processos inflamatórios das vias respiratórias (17,4%);
– Depressão, ansiedade, nervosismo, síndrome do pânico (14,3%);
– Estresse (11,7%).
O estudo foi feito 8.900 professores de sete estados (Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Norte e Pará)
Roberto Leão, presidente da CNTE, alerta que estresse leva a outras doenças. “Temos uma categoria que sofre muito de estresse pelas difíceis condições de trabalho.” Como exemplo dos obstáculos enfrentados no cotidiano da atividade, ele cita o excesso de estudantes em sala de aula, a violência nas escolas e a falta de tempo para planejar aulas e corrigir provas, o que faz os profissionais ocuparem o tempo livre e os finais de semana com trabalho.
Para a subsecretária de Segurança e Saúde no Trabalho, Luciane Kozicz, que coordenou o estudo do Consad, a saúde do professor é preocupação do governo, que instituiu em junho deste ano a Política Integrada de Atenção à Saúde do Servidor. Uma das ações a serem desenvolvidas é, junto com o servidor, mapear as causas das doenças e tentar desenvolver programas antes que o profissional saia de licença.
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