Sabemos que a atividade física pode ajudar a envelhecer bem e com qualidade de vida. Dificuldades de mobilidade comuns ao envelhecimento, por exemplo, podem ser retardadas. Mas e o nosso cérebro? Será que ele rejuvenesce? Um estudo no Japão se dedicou a responder essa pergunta e publicou os achados este mês na NeuroImage.
Para chegar aos resultados, pesquisadores utilizaram técnicas de neuroimagem. Esse tipo de exame mostra se uma parte do cérebro está sendo usada ou não por meio da análise do fluxo sanguíneo e da atividade elétrica do órgão.
A pesquisa, liderada pelo médico Hideaki Soya, foi feita em homens japoneses entre 64 e 75 anos na Universidade de Tsukuba (Japão). O que os pesquisadores descobriram é que, quanto mais em forma o indivíduo, mais ele acessa partes do cérebro que geralmente são usadas na juventude.
Quando envelhecemos, usamos diferentes partes do nosso cérebro. Jovens, por exemplo, utilizam o lado esquerdo do córtex pré-frontal para atividades de memória de curto prazo, como o entendimento das palavras e a habilidade de reconhecer eventos, objetos e pessoas. Já os mais velhos, utilizam também o lado direito do córtex pré-frontal para as mesmas tarefas.
Esse fenômeno é conhecido como HAROLD (sigla em inglês para algo como “assimetria hemisférica em adultos mais velhos”). O evento descreve a maneira com que o cérebro se reorganiza em face da debilidade provocada pela idade. Por perder parte da sua capacidade, o órgão, assim, tende a buscar em outras partes a “força” necessária para exercer a mesma atividade.
Como os pesquisadores conseguiram medir isso?
Primeiro, os cientistas verificaram a capacidade aeróbica de cada um dos participantes do estudo. Depois, um teste para medir a função cerebral foi feito. Nele, cada homem deveria ler o nome da cor da fonte utilizada em uma palavra.
Mas o teste tinha uma “pegadinha”. A palavra era o nome de uma cor, e a fonte vinha em outra. Por exemplo, a palavra azul poderia estar escrita em fonte vermelha. Para acertar, era necessário dizer vermelho, em vez de azul.
O tempo que cada um demorou para dizer a cor da fonte sem se confundir foi utilizado como parâmetro para medir a função cerebral.
Simultaneamente ao teste, o cérebro desses homens estava sendo mapeado por exames de neurogimagem.
Nesse em específico, além do fluxo sanguíneo, o exame conseguia medir a concentração de oxigênio nos vasos sanguíneos. Quanto mais oxigênio, mas ativa pode ser considerada uma determinada célula.
Com as três variáveis (o tempo de resposta ao teste, as áreas ativadas no cérebro durante e os resultados do teste aeróbico), os pesquisadores conseguiram chegar a quatro conclusões:
1) Todos os indivíduos acessaram os dois lados do córtex pré-frontal (o direito e o esquerdo), comprovando o fenômeno da necessidade de ambos os lados para compensar a perda de função cerebral com a idade.
2) Os homens que mais rápido responderam ao teste sem se confundir acessaram mais o lado esquerdo do cérebro (justamente aquele usado na juventude).
3) Também os homens mais em forma foram os que mais rápido responderam ao teste.
4) Assim, é possível estabelecer uma relação entre função cerebral e boa forma, mostrando que quanto mais em forma o indivíduo, mais ele acessa áreas do cérebro normalmente ativadas durante a juventude.
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