Graciliano em Ouro Preto

Abertura do Fórum das Letras - Foto: Reprodução/Facebook
Abertura do Fórum das Letras – Foto: Reprodução/Facebook

Na sua 11ª edição, o Fórum das Letras de Ouro Preto abriu oficialmente os debates com uma mesa dedicada a Graciliano Ramos. Entre os convidados, estavam dois netos do escritor, Ricardo Ramos Filho, também escritor, e Elisabeth Ramos, doutora em Letras, além do jornalista Audálio Dantas, autor de livros sobre Graciliano, e de Wander Melo Miranda, doutor em literatura brasileira e diretor da editora UFMG. A mediadora foi a curadora do evento, Guiomar de Grammont.

Muitos assuntos relacionados à obra e vida do escritor de Palmeira dos Índios foram discutidos. Alguns deles polêmicos, como a suposição de que Memórias do Cárcere teria sido adulterado por ordens do Partido Comunista – suposição, essa, rechaçada veementemente por todos na mesa. A relação de Graciliano com o comunismo também foi comentada, tanto do ponto de vista político, quanto do familiar, considerando-se a influência que exerceu sobre todos os que o cercavam. Sua proverbial acidez também entrou na pauta, com o consenso geral de que ele talvez não fosse propriamente ácido, mas sim irônico – ou afiadamente irônico, como atestaram os muitos “causos” contados.

Sobre sua obra, propriamente, Vidas Secas foi o livro mais esmiuçado. Falou-se na forma em capítulos curtos, um recurso que o escritor havia adotado para ganhar dinheiro, vendendo-os separadamente como contos para revistas, mas que ele soube magistralmente juntar num todo coeso. Falou-se também da narração em terceira pessoa, a primeira vez que ele adotava esse ponto de vista. Falou-se no casal de protagonistas, única história positiva de amor em sua obra, já que em Caetés, São Bernardo e Angústia, os três romances anteriores, os relacionamentos são conflituosos, para dizer o mínimo. E na sua atualidade, não apenas por conta do estilo conciso, preciso, mas também por causa do tema – Miranda salientou que os retirantes em Vidas Secas nada mais são que os refugiados que habitam as manchetes de hoje.

O Fórum das Letras continua até domingo. O tema deste ano é a Liberdade de Expressão e a Diversidade Cultural. Há eventos para crianças, mesas de poesia, um ciclo de Jornalismo e Literatura, shows (como o da poeta e performer Elisa Lucinda, hoje às 21:00, no Cine Vila Rica, Centro) e exposições – uma delas é justamente com os manuscritos de Graciliano, na Casa dos Contos.


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