Ao defender os programas sociais do seu governo e da presidenta Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na noite desta quinta-feira (5) que “contra projeto conservador” poderá estar na campanha presidencial de 2018. “Falta três anos para as eleições. Deus queira que possam aparecer quatro, cinco, seis candidatos, mas uma coisa eu vou dizer: se tiver concorrendo contra nós um projeto conservador, que tenha como objetivo acabar com as conquistas desse país, eu estarei na campanha”.
Mais cedo, em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, do canal SBT, ele admitiu mais claramente que pode ser candidato ao Planalto novamente. “Se houver necessidade de defender um projeto que incluiu milhões e milhões de pessoas, estou disposto a ser candidato”, afirmou.
Na entrevista na televisão, ele ainda disse que não teme as consequências das operações Zelotes e Lava Jato. “Essas coisas (investigações) são normais em um país democrático. É normal num país que em 12 anos de governo permitiu a modernização do sistema de justiça, como a atuação da Polícia Federal e Ministério Público. Isso não existia há 15 anos.” Sobre as declarações do ex-ministro Gilberto Carvalho, de que ele seria um alvo de inimigos para evitar sua eleição em 2018, o ex-presidente disse discordar. “Não concordo com ele. Não temo ser preso porque duvido que tenha alguém neste País, de inimigos a empresários, que diga que um dia tenha tido uma conversa comigo ilícita. Acho que é um problema político”, completou.
No evento em Brasília, o ex-presidente criticou as acusações de que tenha praticado corrupção durante seu governo: “Não vou admitir que corrupto nos chame de corrupto. Todos vocês que ficam nos acusando não têm dez por cento da minha honestidade”, afirmou.
Segundo Lula, a oposição finge que a corrupção é algo recente. O ex-presidente disse que é preciso defender o governo de Dilma e esclarecer a população que, somente a partir do seu governo os casos de corrupção começaram a ser investigados sistematicamente. “É importante que a gente diga para eles que a corrupção só está aparecendo agora e não é por que ela não existia antes, mas é porque tem governo que a está combatendo”, afirmou.
Ele ainda criticou a possibilidade de cortes no programa Bolsa Família por parte do relator do Orçamento de 2016, deputado Ricardo Barros (PP-PR), que propôs redução de R$ 10 bilhões de reais. “O relator do Orçamento quer tirar dinheiro do Bolsa Família e eu fiquei pensando o que pensa uma pessoa que não tem noção do que significa pouco mais de R$ 100 reais na mão das famílias mais pobres”, criticou Lula. “Essa pessoa não teria outro caminho no Orçamento e, em vez de cortar dos pobres, cobrar mais dos ricos?”, questionou o ex-presidente.
Lula também disse que não iria “permitir” a tentativa de impeachment de Dilma e que é preciso “respeitar a democracia”. “Vocês viram que lá na frente do Congresso tem um acampamento da turma que quer o impeachment da Dilma. Temos que dizer para essa gente que eles têm o direito de ser contra. Agora, se eles querem ter um presidente da República aprendam a respeitar a democracia”, declarou. “É preciso respeitar o mandato. Eu perdi três vezes e todas as vezes que eu perdi, eu respeitei o resultado”, acrescentou.
Lula lembrou sua trajetória de sindicalista e disse que teve “paciência” até chegar à presidência. “Tive paciência para construir a CUT, para construir o PT, para perder três eleições e tivemos paciência para governar. Eu duvido que tenha tido na história desse país um governo mais tolerante do que o meu”.
Lula também fez um balanço de algumas ações do seu governo e disse que o projeto do PT incomoda por ter dado espaço ao povo: “Incomoda a muita gente saber que existe nesse país um governo que representa um projeto que é capaz de chamar as pessoas para decidirem que tipo de políticas públicas; incomoda a muita gente que, nesses 12 anos de governo e de projeto, a gente ter sido o governo que mais fez universidade na história desse país”, disse.
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