Cai para 26 número de desaparecidos em Mariana

Moradores de Barra Longa, em MG, limpam inundação de lama vinda de Mariana - Foto: Antônio Cruz/ Agência Brasil
Moradores de Barra Longa, em MG, limpam inundação de lama vinda de Mariana – Foto: Antônio Cruz/ Agência Brasil

A prefeitura de Mariana atualizou nesta segunda-feira (9) a lista com os nomes de pessoas desaparecidas na tragédia do rompimento das barragens de rejeitos da mineradora Samarco, que deixou sob uma grossa camada de lama o distrito de Bento Rodrigues, na zona rural do município mineiro.

Com a localização de Arnaldo Zifirino, de 40 anos, e Joaquim Zifirino, de 70 anos, que, segundo a prefeitura, estão hospedados em um hotel de Mariana, o número de pessoas desaparecidas diminuiu de 28 para 26. Desse total, 13 são funcionários de empresas que prestam serviços à mineradora Samarco e 13 cujo desaparecimento foi informado por parentes. Entre os desaparecidos estão duas crianças, uma de cinco anos e outra de três meses.

O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, disse neste domingo (8) que a prioridade é localizar os desaparecidos, mas que as chances de encontrá-las com vida estão diminuindo. “A gente pode, quem sabe, localizar alguém que fugiu que ficou perdido em alguma localidade, que não foi encontrado. Não quero tirar a esperança de ninguém, pode ser que a gente consiga achar alguém com vida ainda, mas a medida que o tempo vai passando a esperança vai diminuindo”, afirmou.

Retirada

Bíblia, documentos e um travesseiro foi o que a dona de casa Maria Aparecida dos Santos, 57 anos, conseguiu buscar na casa onde morava no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG). A comunidade foi devastada após o rompimento de duas barragens na última quinta-feira (5). A casa de Maria Aparecida não foi atingida pela lama, mas ela só pôde voltar ao local dias depois e apenas para buscar pertences.

“Mudei para cá com 13 anos. Morava aqui com meu marido e cinco filhos”, contou. “Busquei essas coisas, mas deixei para trás minhas galinhas. Coloquei bastante água e comida e volto depois para ver se consigo trazer tudo”, completou.

Dona Maria, como é conhecida, garante que não se preocupa com os móveis e pertences que deixou na casa de Bento Rodrigues. “O que me preocupa é o que vai ser da gente agora”, desabafou. “Se não tivesse morrido ninguém, eu até voltava. Mas tendo morrido gente amiga, conhecida, não dá para voltar mais não. A comunidade acabou”.

O aposentado Gilson Santana Coelho, 42 anos, também tem uma casa que permaneceu de pé após a passagem de todo o barro. Diabético, ele conseguiu voltar ao local para buscar remédios, documentos e algumas peças de roupa. Em razão do risco que continua na região, Gilson e a família foram levados para um hotel em Mariana.

“Somos muitos irmãos. Sempre moramos juntos, uma casa perto da outra. Voltei e busquei o que podia trazer mas mãos e o que cabia no carro da prefeitura” , disse. “Não tem sentido trazer muita coisa porque nem temos onde colocar. Não podemos levar móveis e abarrotar o hotel.”

A irmã de Gilson, Lucimar Úrsula Fernandes, buscou pouca coisa na casa onde morava. Ela voltou ao distrito atrás de informações sobre a sobrinha Emanuely, de 5 anos, que está desaparecida desde o dia da tragédia. “Busquei roupas e mais nada. Sinto um misto de esperança e tristeza que acaba com a gente. Mesmo sendo difícil ver tudo isso, a gente acaba voltando todo o tempo”.


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