No início desta semana, em resposta às medidas educacionais autoritárias tomadas pelo governo do tucano Geraldo Alckmin, a Escola Estadual de Diadema amanheceu ocupada por alunos, pais e professores. A necessidade de luta por direitos e pelo fim da reestruturação da educação estadual influenciou outros alunos de outras escolas e, até esta quinta-feira (12), outras três escolas já foram ocupadas na capital paulista: a E. E. Salvador Allende, na zona leste; E.E. Fernão Dias Paes, na zona oeste; e E.E. Valdomiro Silveira, na região do ABC.
Na escola Fernão Dias, os alunos ocuparam as dependências da instituição na última terça-feira (10). O protesto dos estudantes é contra o fechamento das salas do ensino fundamental I e II na escola, que obrigará centenas de alunos a estudar em outro lugar. Na quarta-feira (11), o clima ficou tenso na frente da escola e policiais reprimiram os alunos que tentavam entrar com gás de pimenta. Segundo o coletivo Jornalistas Livres, uma menina de 16 anos que participava da ocupação foi apreendida violentamente e colocada dentro de uma viatura.
Até a manhã desta quinta-feira (12), a escola permanecia sitiada por alunos e docentes, além de militantes de diversos movimentos sociais, como Movimento Passe Livre (MPL) e Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Também nesta quinta foi realizada uma aula pública com os professores Paulo Arantes e Tonhão. Durante a noite, dezenas de pessoas fizeram uma vigília na frente da escola. Também foi constatado um forte policiamento no local, com viaturas, motocicletas e bases operacionais móveis da Polícia Militar paulista.
Em Diadema, no primeiro movimento de ocupação registrado, os alunos também continuam nas salas da escola, e diversas atividades já estão sendo programadas para os estudantes não perderem dias de aula. O professor Zózimo Adeodato Fernandes escreveu em sua conta no Facebook:” Caros alunos e pais da E. E. Diadema, gostaria de informar que embora as aulas do período noturno não estejam ocorrendo normalmente devido à ocupação, a escola está aberta para vocês e seria muito importante que todos dessem apoio aos alunos. Será organizada uma programação de atividades recreativas e culturais para utilizarmos o espaço de maneira organizada e criativa”.
Já na Escola Estadual Salvador Allende,no extremo leste de São Paulo, a ocupação começou na madrugada desta quinta-feira. Por volta das 6h da manhã, segundo relatos nas redes sociais, dezenas de viaturas já estavam no local cercando a escola. Como o bairro está localizado em uma parte periférica da cidade, os alunos e professores temem uma ação violenta de repressão da polícia. A estimativa é que a escola já esteja ocupada por mais de 100 alunos.
No ABC paulista, na cidade de Santo André, a Escola Estadual Valdomiro Silveira também amanheceu ocupada nesta quinta-feira. Sob os gritos de “não fecharão”, dezenas de alunos e professores ocuparam as salas da escola.
A “reorganização” de Geraldo Alckmin
As ocupações promovidas por alunos e estudantes nas escolas estaduais tem como objetivo derrubar o plano de reestruturação da educação no Estado. O governador Geraldo Alckmin anunciou em setembro que pretende fechar 94 escolas. Já a Apeoesp (Sindicato dos Professores de São Paulo) diz que mais de 1,400 escolas serão fechadas na capital, o que vai influenciar na vida de milhares de famílias. Na Escola Estadual Fernão Dias, por exemplo, os planos de “reorganização” de Alckmin pretendem acabar com os ensinos fundamentais I e II, mantendo apenas o ensino médio. Já na Escola Estadual de Diadema, o governo vai acabar com o período noturno. A expectativa é que nos próximos dias outras escolas do Estado sejam ocupadas por estudantes e docentes a fim de pressionar o governo para rever estas medidas.
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