Cinema: Chatô, demorou mas chegou

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As filmagens começaram em 1995, ano em que eu chegava ao mundo. Vinte anos se passaram, o Brasil foi penta campeão, um metalúrgico se tornou presidente do Brasil, nos Estados Unidos as torres gêmeas caíram e foi eleito o primeiro presidente negro da história daquele país, eu entrei na faculdade e, finalmente agora, o filme Chatô, o Rei do Brasil chega às telas de cinema.

Baseado no best-seller homônimo de Fernando de Morais, a ficção dirigida por Guilherme Fontes conta a história de Assis Chateaubriand (1892-1968), personagem icônico na história da mídia no Brasil. O elenco conta com Marco Ricca, Paulo Betti, Leandra Leal, Letícia Sabatella, entre outros.

As diversas faces desse personagem foram vivenciadas por um homem ambicioso, que sai da Paraíba em busca de trabalho em um jornal em São Paulo. O espírito machista e mulherengo de Chatô é retratado ao longo da trama, em meio ao relato de todas as suas relações com mulheres. Sua índole revanchista e ganancioso é evidente em suas conversas com Getúlio Vargas (1882-1954), que é interpretado por Paulo Betti, e nas relações estabelecidas com seus clientes e funcionários.

A determinação de Chatô o tornou um dos maiores empresários do Brasil e o responsável pela evolução das mídias no País. Fundador dos Diários Associados, empresa  que dominava o rádio, os jornais impressos e a televisão, Chateaubriand comandava as informações de acordo com sua vontade e seus interesses.

Ainda que o filme tenha sido filmado há duas décadas, carrega um debate relevante e atual, que estimula o expectador a uma reflexão sobre o atual momento dos meios de comunicação no Brasil. A postura de Chatô, adotada ao longo do filme, comprova como a publicidade e o dinheiro podem influenciar na manipulação da informação veiculada pelos grandes veículos de comunicação.

Na pré-estreia do filme em São Paulo, o diretor Guilherme Fontes disse à Brasileiros que espera boa recepção do público: “A expectativa é a melhor possível, eu estou muito inquieto, acho que vai ser uma loucura. As críticas foram sensacionais, de cada 10, 9,5 foram boas. Acho que o prognóstico está muito bom”.

Fernando Morais, autor do livro que inspirou o filme, também está muito empolgado com a estreia. No discurso de abertura, disse que “o filme pode ser comparado a um vinho que está curando em um barril há vinte anos e agora está no ponto de ser degustado”.

O longa é importante no cenário do cinema nacional. Em uma mescla entre comédia, ficção e documental, a obra ressuscita o cinema tropicalista, criticando indiretamente o atual modelo do cinema do País e consegue, desse modo, expressar a complexidade do personagem no contexto de sua época, aproximando-o fortemente do cenário atual.

POLÊMICA

Durante todo o processo de produção do filme, Fontes foi acusado de sonegação e má administração dos recursos conseguidos e, inclusive, foi condenado pelo Tribunal de Contas da União (TCU)  a devolver parte da verba destinada ao trabalho. Nos créditos do filme, o diretor diz ter sido vítima de censura e agradece aos amigos que ficaram ao seu lado durante o árduo processo.

 



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