Após a sua apresentação no Palais de Tokyo com a instalação Baitogogo, criada em 2013, e que até hoje permanece no Museu servindo de ambientação para o trabalho do educativo, o jovem brasileiro Henrique Oliveira não sai de Paris. Até 28 de novembro com a exposição Fissure, na Galeria Vallois, e também presente no Jardin des Plantes, mais uma vez, o artista imprime sua marca na cidade. Oliveira usa madeira de tapumes, objetos usados, sofás, colchões, vestígios da vida cotidiana e os esculpe recriando novas formas. As instalações e esculturas emergem de colunas, paredes e passam a formar parte do ambiente. Cavernas, protuberâncias, braços que se alongam, cavidades.
Desde 2009, Henrique Oliveira afirma que seu objetivo é “criar tensão no espaço”. As paredes deixam de ser as mesmas uma vez que Oliveira se apodera delas. A escultura Condensação, na página ao lado, composta por um bloco de 11 colchões justapostos na posição vertical. O interior deste bloco foi escavado, e seu estofamento, retirado e agrupado na forma de uma nuvem que flutua dentro da cavidade.
Além de aludir ao fenômeno físico da condensação do vapor d’água em nuvens de chuva, o título da obra nos lembra o estudo A Interpretação dos Sonhos do Sigmund Freud que inspirou durante anos o movimento surrealista, no começo do século XX. Condensação e deslocamento são processos psíquicos que ocorrem no inconsciente e permitem trazer para a “fala”, principal ferramenta do trabalho psicanalítico, determinados conteúdos do sonho, enquanto outros são omitidos, alguns deles combinam entre sí e se fundem, aparecendo de forma manifesta. Outra parte do conteúdo do sonho, seja por mecanismos de censura ou traumáticos, fica como escondida, deixada para trás.
LEIA TAMBÉM:
Deixe um comentário