Este moço não está diferente

Um show romântico, de amor. Assim a jornalista e escritora Regina Echeverria, autora de diversas obras sobre ícones da música brasileira, define a turnê Chico, de Chico Buarque. Ela estava na plateia do Vivo Rio, no Rio de Janeiro, onde foram realizadas as mais recentes apresentações, não a trabalho, mas sim como fã.

Sexta do cantor em 36 anos, a turnê Chico estreou em novembro de 2011, em Belo Horizonte. Passou por Curitiba, Porto Alegre, Novo Hamburgo, Rio de Janeiro e, neste mês, chega a São Paulo. “A gente vai chegar aí tinindo. É difícil saber qual é a curva do show, mas acredito que a gente esteja chegando ao auge. Esses últimos shows foram muito bonitos, existe um amadurecimento”, diz Luiz Claudio Ramos, maestro que rege o time de músicos que acompanha Chico e assina a direção musical do show.

Há 39 anos ao lado do artista, ele concorda com Regina e atribui a inspiração romântica ao novo disco, lançado em julho de 2011 pela gravadora Biscoito Fino, que batiza a turnê e é tocado na íntegra. O repertório conta com 27 músicas, mais as tocadas no bis. Entre elas, Velho Francisco (1978), canção que o inspirou a escrever seu quarto e mais recente livro Leite Derramado, que abre o show, e Geni e o Zepelim (1978), nunca antes interpretada ao vivo.

Outros destaques são uma releitura de Tereza da Praia, de Tom Jobim e Billy Blanco, na qual Chico faz dueto com o baterista Wilson das Neves, e uma nova versão de Cálice, feita em parceria com Gilberto Gil, em que Chico usa versos criados pelo rapper paulistano Criolo: “Pai, afasta de mim a biqueira, pai/Afasta de mim as biate, pai/Afasta de mim a coqueine, pai/Pois na quebrada escorre sangue”.

Mas, a grande “inovação” é a postura de Chico. “Ele interage um pouco mais que de costume com o público”, diz Regina. Durante a música Rubato, Chico se levanta do banquinho, onde toca violão, e caminha pelo palco enquanto apresenta o contrabaixista, seu parceiro musical na canção: “Este é o baixinho do baixo, meu comparsa”.

“Ele me chama de comparsa, em vez de parceiro, porque a música faz referência a um roubo (Venha, Aurora, ouvir agora/A nossa música/Depressa, antes que um outro compositor/Me roube e toque e troque as notas no song book). E porque, até antes de ele colocar a letra, eu roubei a melodia de mim mesmo. Havia criado uma melodia com poucas notas, depois acrescentei mais. Demorou quase um ano para ser composta”, afirma Jorge Helder, também chamado de São Jorge por Chico, há 19 anos com o artista.

Inovação à parte, não há grandes diferenças entre essa turnê e as anteriores, segundo Luiz Claudio. E isso é uma qualidade. “É o Chico de sempre”, diz ele. Talvez apenas com um detalhe curioso, lembrado por Helder: “Nesse show, a plateia canta todas as músicas inéditas, isso é algo novo. É incrível”. Depois de São Paulo, Chico segue para Recife (19 e 22 de abril) e Fortaleza (sem data definida).

SERVIÇO
HSBC Brasil
Rua Bragança Paulista, 1.281, 11 4003-1212. De quinta a domingo, até 25 de março. Shows extras: 30 e 31 de março e 1, 6, 7 e 8 de abril

 


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.