Priscilla celebra a família e o respeito à diferença

Priscilla – A Rainha do Deserto, o Musical é, antes de ser uma montagem otimista e alto-astral, um trabalho que propõe uma discussão muito interessante sobre novas famílias e a capacidade de respeitar o diferente. Por baixo de toda a purpurina e do repertório gay, a história pretende (e consegue) falar de assuntos sérios com a sutileza de uma drag em show de dublagem.

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O fiapo de história fala de um transformista que decide visitar o filho, que não o vê há meia dúzia de anos. Para unir o necessário ao pragmático, convoca dois amigos que também finge ser o que não são para, juntos, ensaiarem um novo espetáculo. O trio mora em Sydney, metrópole australiana, e o garoto vive com a mãe em Alice Spings, em pleno deserto central. O road movie, a bordo do ônibus que as drags batizaram de Priscilla, é regado a um par de números de canto e dança, a maioria a partir de músicas que todo mundo reconhece de qualquer festa de firma.

Esse é o viés rosa da trama. Sob o verniz, está a discussão de valores caros à sociedade ocidental contemporânea. Passou batido para você que a drag é heterossexual (ou foi, ou por enquanto)? Ela trata a mãe do filho como “minha mulher” e, fora uma outra piada, o tema é tratado com respeito tanto pelos amigos gays quanto pelos desconhecidos que encontra pelo caminho.

Tocante também é perceber que o filho não está nem um pouco interessado em saber o que o pai faz entre lençóis. Ele quer mais é que o grande artista que o gerou promova algum número exclusivo, afinal é seu herdeiro e merece essa distinção. Também é uma solução das mais felizes defender que a arte é capaz de desatar nós, demover tensões e garantir mais humanidade. A arte como motor de transformações que vão além de um aperto de mão: é isso o Priscilla  ratifica e reforça enquanto a plateia canta com os atores I Will Survive.

A saber: o musical é baseado no filme homônimo, dirigido por Stephan Elliot em 1994, que levou Oscar de Melhor Figurino. A montagem é rigorosamente fiel à produção que estreou em palcos australianos e passou por Auckland, Toronto, Londres, Milão e Nova York, onde ainda está em cartaz. Ao todo, 2,5 milhões de pessoas já aplaudiram  Priscilla pelo mundo. Por fim, o ônibus, quase um personagem em cena, com suas oito toneladas e 30 mil pontos de LED.

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Serviço

O que: Priscilla – Rainha do Deserto, o Musical

Onde: Teatro Bradesco (Bourbon Shopping São Paulo/ Rua Turiassu, 2100, 3 piso – fone (11) 3670-4100)

Quando: Quintas e Sextas, às 21h; Sábados às 17h e às 21h; Domingos, às 16h e às 20h

Quanto: De R$ 40 a R$ 250


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