O ano novo já vai começar, já está começando, o ano velho cansado está deixando espaço para o que vem por aí. Não foi um ano fácil não. Na França começou com os atentados do 7 de janeiro e terminou com os do 13 de novembro. Fronteiras, Daech, Front National, fraturas políticas, crise econômica, clima quente, Natal primaveril em vez de invernal, refugiados atravessando o território, sendo rechaçados, batendo em portas que não querem se abrir. No Brasil, o segundo mandato da Dilma contestado com veemência, as pessoas pedindo a volta da Ditadura (!), o desastre das lamas e o econômico, a crise política e financeira, o cansaço, a zika…
Mas apesar de tudo o ano novo teima em chegar, e ainda há festa, esperança, reunião, força viva na juventude, um mundo novo a ser inventado. Sim, tudo isto ainda há. Então, para que este ano seja novo de verdade, novinho em folha, inovador e cheio de novidades, faço uma proposta: tomemos em mãos nossos destinos. E para começar, façamos juntos uma lista de votos, uma democracia da renovação, um ato por escrito da tomada de consciência e de um remoçado engajamento (político, social, econômico, espiritual). Vamos começar tudo de novo! Proponho que aos meus votos abaixo descritos se juntem os seus, em forma de comentário sob a coluna. Parem e pensem um minuto em algo que vocês desejam e em algo que vocês acham que podem fazer para alterar aquilo que lhes parece de algum modo obsoleto, mofo, empoeirado, antiquado para o novo projeto de vida que queremos adotar. Pois convenhamos : “alguma coisa está fora da ordem, fora da nova ordem mundial” e é hora de arrumar isto. Ou pelo menos começar por algum lugar. Então vamos lá…
Desejo que as pessoas voltem a ter tempo, para que elas possam perdê-lo contemplando a beleza do mundo: uma nuvem passando, um pássaro descrevendo um círculo no ar, a maneira de andar de uma pessoa. Que assim elas (as pessoas) pensem menos em produzir e consumir, e possam voltar a respirar.
E o que eu posso fazer para isto acontecer ?
Me dedicar todo dia a uma pausa de 10 minutos (ou duas vezes 5) em que contemple algo do vai e vem da nossa Terra. Faço votos de que esta pausa frutifique em paz de espírito e em boa índole. Convido a quem quiser a mim se juntar.
Espero lê-los nos próximos dias.
Boa entrada, pé na tabua que a vida é para valer.
*Adriana Komives, brasileira de origem húngara, 51 anos, 31 em Paris onde estudou cinema e exerce desde então as profissões de montadora e roteirista. Consultora em montagem de documentários nos Ateliers Varan, la Femis, DocNomads, ensina o ofício de montagem no Institut National de l’Audiovisuel e roda o mundo trabalhando em oficinas de realização documentária.
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