Após a Organização Mundial de Saúde declarar que a epidemia de Zika tem importância global nesta segunda-feira (1), o vírus ganhou destaque em jornais internacionais, que repercutiram a declaração e reforçaram que mulheres grávidas evitem o Brasil -apesar da OMS não fazer qualquer restrição a viagens. Os principais jornais do mundo já acompanham os casos de forma maciça desde que a microcefalia foi associada ao Zika no Brasil.
Lá fora, ainda não há motivo para muita preocupação interna desses países. Por hora, só foram relatados casos importados (quando uma pessoa que viajou para a região afetada passa pelo país) na Europa e nos Estados Unidos. Não há, entretanto, casos de bebês com microcefalia nessas regiões que chegaram a conhecimento do público.
Nas notícias internacionais, embora a maioria explique que os sintomas do Zika são suaves ou inexistentes para a maioria das pessoas, há, de modo geral, muita preocupação com a microcefalia e distúrbios neurológicos associados ao vírus.
A comissão da OMS concluiu que o recente conjunto de casos de microcefalia e outros distúrbios neurológicos relatados no Brasil são suficientes para constituir uma emergência de saúde pública de importância internacional. A OMS projeta que, só no País, 4 milhões de pessoas serão infectadas com o vírus até o final do ano.
O jornal inglês The Guardian disse que o Brasil mobilizou o exército para combater o mosquito, mas que ainda não compreende a extensão da epidemia e quão grave ela realmente é. Um dos especialistas reforçou que não faz sentido a OMS não recomendar viagens ao Brasil, dado que países afetados e não afetados dividem fronteiras.
Já o norte-americano New York Times salientou que, embora a OMS não tenha colocado nenhuma restrição a viagens, o governo americano já havia recomendado em janeiro que mulheres grávidas evitem viajar ao Brasil. O jornal americano disse, no entanto, que não há motivo para pânico:
“A agência global [OMS] está tentando estabelecer um equilíbrio entre alertar o público e provocar medo. Os sintomas da infecção por Zika são inexistentes ou moderados na maioria das pessoas. Uma reação exagerada poderia punir países que estão passando pela epidemia, como por exemplo, pelas restrições a viagens, comércio e turismo.”
O jornal argentino La Nación salientou as diferenças entre o Zika e o Ebola e disse que as duas epidemias não são comparáveis. “O Ebola é mortal e, nessa epidemia, por exemplo, as mulheres não podem engravidar por dois anos”, disse um dos especialistas consultados.
Os casos relatados na Europa foram mencionados pelo francês Le Monde. “Há casos do vírus em pelo menos seis países europeus: Reino Unido, Itália, Holanda, Portugal, Dinamarca e Suíça. No entanto, nenhuma infecção foi relatada em mulheres grávidas”.
O espanhol El País salientou que a OMS considerou o Zika uma ameaça de “proporções alarmantes”, devido a associação com a microcefalia. O jornal também salientou que a Europa recomendou que mulheres grávidas não viagem a regiões afetadas. “Isso é particularmente ruim para o Brasil, pelo Carnaval e os Jogos Olímpicos que ocorrem nesse ano”, diz o texto.
Ministério da Saúde diz que anúncio reforça parcerias
Em nota divulgada após a Organização Mundial de Saúde considerar o Zika caso de Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII), o Ministério da Saúde disse que a declaração “deve facilitar a busca de parcerias em todo o mundo, reunindo esforços de governos e especialistas para enfrentar a situação.”
A pasta enfatizou que a recomendação não implica restrição de viagens para o Brasil ou comércio. A recomendação significa apenas, segundo o ministério, que as pessoas que venham a viajar para áreas com transmissão do vírus Zika tomem medidas adequadas para evitar picadas de mosquito.
No Brasil, a recomendação do Ministério da Saúde é para que a população, principalmente mulheres grávidas e em idade fértil, tomem medidas que possam evitar o contato com o Aedes aegypti, como utilizar repelentes, proteger-se da exposição de mosquitos, manter portas e janelas fechadas ou teladas e usar calça e camisa de manga comprida.
O Brasil declarou caso de emergência nacional no final do ano passado. Na ocasião, o país
sinalizou à OMS da possiblidade de um evento de importância internacional e, desde então, se colocou à disposição da organização para esclarecimentos e fornecimento de materiais técnicos.
O Ministério da Saúde confirmou, em novembro de 2015, a relação entre o vírus Zika e o surto de microcefalia na região Nordeste.
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