Merendão: ‘Um assessor qualquer não faria tudo sozinho’, diz ex-funcionário de Capez

Fernando Capez ao lado do governador Geraldo Alckmin - Foto: Divulgação
Fernando Capez ao lado do governador Geraldo Alckmin – Foto: Divulgação

Jéter Rodrigues, ex-servidor do gabinete do presidente da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), Fernando Capez (PSDB), espera não ser um bode expiatório no esquema de fraudes envolvendo a merenda escolar no governo do Estado de São Paulo e, pelo menos, 22 prefeituras.

Rodrigues, servidor por 40 anos na Assembleia, atuou no gabinete de Capez entre 2013 e 2014 e, de acordo com delatores, negociou propina em nome de Capez com a Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar), que vendia suco de laranja superfaturado.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Rodrigues garante que anda pela cidade a bordo de um Palio 2001 que está penhorado. “Se eu tivesse nesse esquema, não teria necessidade de andar com carro penhorado e pedindo empréstimo no banco.”

Segundo o ex-servidor, dificilmente assessores seriam capazes de levar a cabo um esquema dessa natureza. “Eu acho um esquema muito grande. Um assessor qualquer não teria condições de fazer isso sozinho”, disse, ao rebater declaração anterior de Capez, que “não poderia responder” por seus assessores. “É possível que tenha ocorrido [o esquema] num nível mais baixo”, chegou a dizer.

Na ocasião, Capez descreve com repugnância seu ex-assessor: “Você já viu o perfil do Jéter? Olha o meu perfil e olha o perfil dele: está com pneumonia, cheio de dívidas, mora em uma favela, tem 40 anos e está prestes a se aposentar. Se um cara tem a chance de fazer uma jogada e ganhar 50 paus por mês, a chance de ele fazer isso é maior.”

Mesmo assim, o Tribunal de Justiça de São Paulo decretou  a quebra do sigilo bancário e fiscal do presidente da Alesp e de dois ex-assessores do governo Geraldo Alckmin (PSDB), Luiz Roberto dos Santos, ex-Casa Civil, e Fernando Padula, ex-Secretaria da Educação.

As investigações indicam envolvimento de  gente do primeiro escalão do governo estadual no propinoduto, como o ex-secretário da Educação, Herman Voorwald. Também são citados nas delações o ex-chefe de gabinete da Casa Civil de Alckmin, Luiz Roberto dos Santos, o secretário tucano Duarte Nogueira (Logística e Transportes), os deputados federais Baleia Rossi (PMDB) e Nelson Marquezelli (PTB), além do deputado estadual Luiz Carlos Gondim (SD). Todos negam as acusações. 


Comentários

Uma resposta para “Merendão: ‘Um assessor qualquer não faria tudo sozinho’, diz ex-funcionário de Capez”

  1. Avatar de Welbi Maia Brito
    Welbi Maia Brito

    O governador Geraldo Alckmin determinou apuração imediata e punição exemplar aos envolvidos com a máfia da merenda escolar. É preciso aguardar as investigações para determinar quem são os culpados e não criminalizar inocentes. O governo Dilma precisa explicar porque o Ministério de Desenvolvimento Agrário não tomou nenhuma providência tomou mesmo tendo recebido denúncias contra a COAF em dezembro de 2014.

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