Saretta explica critérios que levaram ao adiamento da rodada a “Super Quarta” no Brasil Open

Flávio Saretta com Bruno Soraes. Foto: Divulgação
Flávio Saretta com Bruno Soraes. Foto: Divulgação

Por que vários jogos e até rodadas inteiras de torneios de tênis são suspensos mesmo em momentos em que a chuva está rala, o vento fraco, a bola ainda corre e quica com desenvoltura e a quadra de saibro ainda parece dar condições aceitáveis de jogo?

Essa dúvida, levantada por grande parte do público no Rio Open, entre 15 a 21 de fevereiro, voltou a ganhar espaço nas rodas de conversa do Brasil Open de Tênis, iniciado nesta segunda-feira 22 no Esporte Clube Pinheiros, em São Paulo.

Os questionamentos ficaram mais fortes na noite de quarta-feira 24. Alternando momentos fortes e fracos do meio-dia até o final da noite, a chuva provocou a suspensão de todos os jogos do dia. Uma rodada que ficou conhecida como “Super Quarta Brasileira” por incluir a partida da dupla olímpica Marcelo Melo e Bruno Soares e o jogo de simples com Thomaz Bellucci, o brasileiro melhor colocado no ranking da Associação dos Tenistas Profissionais, a ATP.

Nessa conversa com a reportagem de Brasileiros no centro de imprensa do torneio, minutos após a suspensão total da rodada, o ex-tenista brasileiro Flávio Saretta, que esteve entre os 44 melhores do mundo e hoje comenta o esporte para o canal Band Sports, detalha os critérios adotados pela organização dos torneios da ATP para suspender partidas e rodadas em dias de chuva ainda que pareçam existir condições reais de jogo:

Brasileiros – Quando os últimos dois jogos da “Super Quarta”, que envolveriam brasileiros, foram adiados, a chuva estava fina, o vento fraco e a quadra parecia seca, em condições de jogo. Por que houve a paralisação?
Flávio Saretta – A chuva de fato não estava forte naquele momento, mas vinha alternando períodos de força e fraqueza desde o meio-dia. Quando chove dessa forma em quadras de saibro descobertas é o pior dos mundos. A chuva aperta e o jogo é suspenso; a chuva alivia e os tenistas voltam a jogar; a chuva aperta de novo dali a 25, 30 minutos e a partida é novamente interrompida. Muitas vezes a chuva dá uma trégua, os tenistas são chamados e, quando pegam as raquetes na quadra, ela volta a cair forte. Ninguém suporta isso.

Brasileiros – O que pensam os organizadores nessas situações?
Pela ótica da ATP, pensam na logística de trabalho, no público mas, sobretudo, no tenista. Na capacidade dos jogadores de produzir um espetáculo esportivo decente sem comprometer a integridade física. Tecnicamente, dá para jogar quando a chuva e o vento estão fracos desde que a quadra não esteja ensopada. Claro que uma chuva pesada, um temporal fortíssimo, com muita água concentrada na quadra em pouco tempo, quase sempre inviabiliza a partida. Isso porque a água encharca o saibro, que é uma composição de argila e pó de telha, e aí o piso fica inviável. Além disso, há a questão do vento, que normalmente acompanha os temporais, e da visibilidade, quase sempre comprometida nessas situações.

Brasileiros – Não era o caso dessa “Super Quarta”…
Verdade. Mas neste caso houve outro elemento importante e decisivo: o serviço de meteorologia dizia que a chuva iria permanecer nesse ritmo de ida e volta pela noite inteira e, provavelmente, até a madrugada. Então, em vez de ficar interrompendo e reiniciando, indo e voltando com as partidas, desgastando jogadores, público, jornalistas e estafe e ainda com, no mínimo, dois jogos e meio pela frente – e isso com as partidas já adiadas -, sem saber se daria tempo para fechar a rodada na quarta ou mesmo nas primeiras horas da madrugada de quinta, a organização optou por suspender a rodada inteira e encaixar os jogos no dia seguinte, em momentos com pouca chance de haver chuva. Por isso eu dizia, já no meio da tarde, que as chances de a rodada ser adiada eram muito grandes. Acertei. Vivi situações como essa na carreira. A organização fez o que restou fazer.

Veja a programação dos jogos desta quinta


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