Aids 2 – convivendo com ela

Prevenção sempre
Prevenção sempre

Meus caros, achei que depois do post Aids: não liberou geral não!, o tema merecia ser ainda melhor abordado. Boas notícias sobre avanços da medicina no trato da doença acabaram sempre causando aumentos nos índices de contaminação, já disse isso sábado. É necessário registrar que isto se deu sempre com gays e héteros, indistintamente, principalmente entre aqueles que levam vidas sexuais mais ativas. O termo promíscuo somente se aplica a minorias entre cada um destes grupos.  O tempo mostrou, tardiamente, que gays e héteros tinham vidas sexuais muito mais semelhantes do que parece. Héteros não seguiam os padrões de fidelidade e monogamia que apregoavam, e mesmo solteiros hts mantinham vidas sexuais similares a dos gays.  Quando falamos de Aids, é sempre importante registrar que ela é uma questão de saúde pública, e não apenas dos gays. O preconceito contra gays acabou por levar a morte muitos héteros, que achavam que “aquilo não era com eles”.

Muitos se perguntam como vivem hoje aqueles que foram infectados pelo HIV, também chamados soropositivos? A resposta é simples: depende de como se cuidam. No Brasil, nós temos um sistema de apoio e tratamento aos soropositivos que é exemplo no mundo inteiro. Todos têm acesso gratuito aos remédios e cuidados necessários e quem segue o tratamento tem vida praticamente normal. Mesmo aqueles que deixam de ser meramente soropositivos e desenvolvem a doença, tornando-se, tecnicamente, aidéticos, terão fartos recursos para se tratar muito bem. A mortalidade se dá, principalmente, em grupos restritos, que tapam o sol com a peneira e não se previnem ou cuidam.

É simples prevenir
É simples prevenir

Tenho vários amigos contaminados que são mais felizes que outros não contaminados. Eu, até hoje soronegativo, já me apaixonei e namorei um soropositivo. O status dele, para nós dois, implicava apenas  uma maior atenção a cautelas muito simples, como nunca dividir o mesmo aparelho de barbear, e o óbvio uso da camisinha. Fui apaixonado por ele, e confesso que ainda suspiro quando o encontro. Ele era comissário de bordo, passava poucos dias em São Paulo, mas sempre fiquei tranquilo quanto a sua responsabilidade para consigo, e, nós dois, tranquilos quanto ao comportamento um do outro à distância. Foi uma relação curta, mas feliz, sem dramas. Eu o amei muito, ele não me amou tanto assim, tanto que decidiu terminar, mas o fato dele ser soropositivo nunca foi um problema para nós. Ele é responsável e se cuida muito bem. Queria outro namorado como ele.

Mas, e sempre tem um “mas”, quem se deixa contaminar por bobeira, e não se cuida depois, morre. A Aids não tem cura. Portanto, mantenho o alerta de sábado – Não liberou geral não! Contra a Aids, camisinha e consciência.

E vocês? Têm medo de lidar com pessoas soropositivas? Acham que, ao seu redor, não existe nenhum? Acham que AIDS é coisa de gay?


Comentários

15 respostas para “Aids 2 – convivendo com ela”

  1. Não amigo, lá vem mais um auto-defensista dos gays. Gays são sim mais promíscuos que os homens heterossexuais. Talvez devido à grande facilidade que eles têm de encontrar contatos sexuais casuais. Isso implica sim em se ter um maior incentivo das campanhas para alertar sobre os cuidados que se deve ter na prevenção contra a AIDS.

    1. Raone, lógico que defendo os gays, sou um deles, e conheço na pele o peso das imagnes equivocadas e do preconceito. Todos os grandes cientistas envolvidos na analise da epidemia são categóricos em afirmar que hoje em dia não se pode mais falar em grupo de risco. Promiscuidade não é patrimônio só nosso, héteros são bem parecidos. As campanhas devem se dirigir a todos! Obrigado pelo comentárioe pela visita. Abração do Cavalcanti.

  2. oi!

    Estou namorando um soropositivo e gostaria de conversar com vc a respeito….pode me adicionar no MSN?

    Abração

    1. Fabio -não tenho msn, mas você pode mandar um e-mail para lourencojosecavalcanti@hotmail.com

    2. Avatar de ALMA BOTIGNON
      ALMA BOTIGNON

      É SÓ SE CUIDAR ,SER SINCERO ESTABELECER REGRAS,TEM QUE TER CUMPLICIDADE CARINHO AMOR E MUITA CONVERSA.OS DOIS DEVEM FAZER ACOMPANHAMENTO COM INFECTOLOGISTA.SE VOÇE O AMA O AFETO E CARINHO SÓ VAI AUMENTAR, É UMA RELAÇAO MAIS HUMANA,TEM SENTIMENTO.TENHO AMIGOS E AMIGAS QUE SAO SOROPOSITIVOS ,AIDS NAO SE PEGA NO BEIJO NO ABRAÇO NO SEXO PREVENTIVO,E SIM NA FALTA DE PREVENÇAO.AMAR É UM CUIDAR DO OUTRO.SE JÁ TEM UMA AMIZADE SINCERA SÓ FICARA MAIS FORTE.BOA SORTE,NAO DEIXE O PRECONCEITO TE BLOQUEAR.

  3. Olá,
    Gostei muito do seu texto. Uma experiência e tanto! Depoimentos como este, possibilitam um conforto para tantos que vivem/viveram momentos parecidos e que aqui encontram uma forma se ressignificar muitas questões.
    Parabéns.
    Abração

  4. Lourenço!
    Seu blog realmente é um presente para tod@s!
    Trabalho alguns anos com educação preventiva e só por Deus, sabemos o quanto é dificil a luta que as pessoas vivendo positivamente travam para levar uma vida normal. Ainda bem que hoje o conceito de “grupo de risco” deixou de focar somente os homossexuais e foi estendido para todas as direções. Prevenção de fato é ato contínuo.
    Lamentavelmente o preconceito é uma das variantes mais difíceis contra a qual lutamos.
    Seu relato é um conforto para todos que acreditam que o ser humano é pleno de possibilidades.
    Abração

  5. Avatar de Hélio Costa
    Hélio Costa

    Lourenço você é o cara. E sabe porque? Porque com essa matéria e seu depoimento de que já teve um namorado soropositivo, você dar um chute certeiro no preconceito contra as pessoas portadoras do vírus hiv. Nossos amigos e amigas soropositivas também tem o direito de amar e fazer sexo (com segurança, é claro). Parabéns pela matéria.

  6. Lourenço,

    Reduzi meu último comentário sobre a AIDS à metade antes de enviá-lo. Preferi reduzí-lo pois achei que estava tratando de muitos temas (a maioria você abordou neste segundo post) e porque estou escrevendo muito.
    Por uma questão de feeling (não me pergunte porque) achei que você não iria gostar muito do que eu escrevi, considerar minha opinião um pouco radical e professoral.
    Primeiramente gostaria de te cumprimentar por essa demosntração de evolução espiritual, por conseguir namorar com pessoas soropositivas. Sou considerado um cara legal, amigo, mas verdadeiramente não conseguiria iniciar uma relação com alguém sabendo que esta pessoa é soropositiva! Pouca evolução? Não sei. Radicalismo? Não sei. Egoismo? Não sei.
    Só sei que passei tantos dissabores com meus amigos por conta desta doença, que verdadeiramente não me animaria a me envolver com alguém soropositivo. Não que você tenha em algum momento sido radical ou desrespeitado a opinião de ninguém, mas acho que muitas vezes grande parte dos homossexuais (gostaria de manter meu foco neles) acaba confundindo o meu posicionamento com preconceito. NÃO É!
    Antes de se relacionar com alguém TODOS nós, consciente ou inconscientemente, buscamos prós e contras. Neste processo muitas coisas são levadas em consideração: aparência física (campeã entre a maioria dos homossexuais), condição social, financeira, cultural, moral, espiritual, etc.
    Não me posicionarei sobre o que mais ME interessa, mas sinto que esta questão da AIDS é um tremendo tabu entre os homossexuais, como você já escreveu. Muitos homossexuais confundem a decisão de um soronegativo de se reservar o direito de não namorar com um soropositivo pura manifestação de PRECONCEITO. Acho isso absolutamente ridículo. Senão teríamos de abranger o termo preconceito para ABSOLUTAMENTE TUDO! Todos os motivos que nos levam a não querermos nos relacionar com outra pessoa seria PRECONCEITO!
    Fiz muito por meus amigos que morreram em decorrência da AIDS. Não vou enumerá-las para não querer parecer alguma Madre Tereza. Não aceito e nunca aceitarei o rótulo de preconceituoso, por não me predispor a namorar uma pessoa soropositiva. É uma questão de foro íntimo e muito mais comum do que a maioria das pessoas revelam, para não parecerem retrógradas ou preconceituosas.
    Respeito e admiro o que você sente por seu ex-namorado e digo que cada um é único e nisso reside a complexidade do relacionamento humano.
    Muitos homossexuais soropositivos agem de maneira bastante inapropriada, em minha opinião, não contando que são soropositivos ou esperando o outro se envolver, para depois revelar este detalhe.
    Fico imensamente triste pelos homossexuais que morreram no começo da AIDS, pois já se relacionavam sexualmente quando a doença apareceu e pegou a todos de surpresa. Eles eram considerados promíscuos tendo, muitas vezes, se contaminando depois de pouquíssimas relações.
    Hoje estão todos bem cientes da gravidade da AIDS e só contrai o vírus aqueles que não se cuidam (e em raros casos os que fazem transfusão).
    Percebo que existe por parte de muitos homossexuais uma patrulha contra os que “parecem querer patrulhar” a livre opção sobre o número de seus parceiros. Cada um deve fazer o que quiser e como quiser, mas negar que um bom número de homossexuais é REALMENTE PROMÍSCUO é querer tapar o sol com a peneira. Espero que você entenda bem o que eu escrevi! Existem muitos heterossexuais promíscuos e existem homossexuais praticamente “santos”!
    Poderia enumerar vários aspectos que induzem homossexuais à promiscuidade, e dessa forma defendê-los, mas que boa parte do pessoal exagera na dose, AH ISSO EXAGERA! E depois não querem que ninguém comente, pois consideram preconceito em relação à “categoria”. POR FAVOR!!!!! Olhem os números dos contaminados ou soropositivos (de forma mais politicamente correta). Será que eles querem dizer que os heterossexuais são extremamente precavidos e os homossexuais não se previnem? Acho que querem dizer até o oposto: que hoje os homossexuais se cuidam mais (embora tenha ouvido falar que o número de contaminados cresceu entre os jovens homossexuais do sexo masculino de um ano para cá).
    Finalmente, por hoje, gostaria de comentar que uma das atitudes mais corajosas e brilhantes de um político brasileiro foi tomada por José Serra quando ministro da Saúde. Peitar as indústrias farmacêuticas e quebrar as patentes dos remédios contra a AIDS e ser seguido por boa parte do mundo foi a maior demosntração de ousadia, firmeza e liderança. E ainda tem gente que diz que o Lula é “o cara”…

    1. AC meu caro, mais uma vez agradeço por teus comentários. Te entendo perfeitamente. Como dissestes, cada um é cada um. Comigo foi assim. Não se preocupe, nunca, em me agradar ou não – este espaço é livre para opiniões contrárias à minha. Teu comentário fica aberto a todos os leitores, e seria ótimo ouvir outras opiniões. Adorei o comentário da Baronesa, abaixo, com dados de estatísticas oficiais. Fico impressionado com o quanto escreves, e me preocupa que isso denote ansiedade demasiada de sua parte, e repito meu conselho para que, sempre, tenha calma. Pegue leve, contigo e com os outros. Tu mereces paz, e os outros não merecem pérolas…
      Abraço carinhoso do Lourenço

  7. Avatar de Mario J. Silva
    Mario J. Silva

    Eu já estava com saudades daqui. Viajei muito a trabalho nos últimos dias e não conseguia postar meus comentários.

    Ano passado, num projeto de pesquisa sobre hábitos de consumo em várias regiões do Brasil, eu fui designado, junto com um grande grupo de outros pesquisadores, para viajar. Dividiam em duplas a equipe e permitiam que cada um escolhesse seu par. Como eu cheguei um pouco atrasado para a reunião que definia as duplas e suas áreas de atuação, sobraram poucas pessoas. Entre estes, havia um gay soropositivo. Um grande trabalhador, dono de ótimos índices de avaliação. Mas estava sendo deixado sistematicamente de lado por todos. O medo, somado a uma boa dose de preconceito, determinava que ninguém estivesse muito disposto a dividir um quarto de hotel com ele durante duas semanas.

    Há alguns anos eu passei pela terrível experiência de enterrar um tio vitima da AIDS. Mas a morte chegou como um alivio, já que o mais difícil mesmo foi agüentar todo o preconceito que ele e eu recebemos, já que eu fui o único de minha família que abertamente o acompanhou em seu martírio. Em meu trabalho as pessoas simplesmente se afastaram, principalmente fisicamente, com o tolo medo da contaminação.

    Quando vi o que ocorria com esse pesquisador, perguntei a ele se não queria viajar comigo. Surpreso, aceitou. Nasceu ali uma grande amizade. Nossos dias fora de São Paulo foram todos muito bons. Ótimas conversas madrugada adentro. Ele, com seu gaydar afinado, achou baladas gays em cidades minúsculas. Eu encontrei as héteros e fomos às duas. Diversão garantida.

    No terceiro dia já era eu que cuidava de sua medicação. Na verdade, o estimulei a retomar corretamente o tratamento. Ele estava tremendamente desapontado com a vida e havia desistido dos remédios na tentativa de um lento suicídio.

    Não sou herói e não falo isso para auto promoção. Mas penso, ao ve-lo sempre disposto, o que teria acontecido caso eu não o convida-se para viajar?

  8. Meu caro, estava eu lendo o Boletim Epidemiológico de AIDS de junho de 2009, da Prefeitura da cidade de São Paulo, e um dado me pareceu particularmente relevante para essa discussão sobre a doença: no período de 1980 a 1989, dos indivíduos do sexo masculino com mais de 13 anos de idade com diagnóstico de AIDS no município de São Paulo, 48% eram homossexuais e 9% eram heterossexuais (43% outros fatores). Já no período de 2000 a 2008, a proporção de homossexuais entre os diagnosticados caiu para 30% enquanto que a de heterossexuais aumentou para 43% (27% outros fatores).
    E entre as mulheres diagnosticadas, a porcentagem de heterossexuais passou de 49% (51% uso de drogas endovenosas ou transfusão de sangue) para 94% (6% usuárias de drogas ev) no mesmo período. Tá? É isso, AIDS é coisa de todo mundo. Beijas.

  9. Olá, Cavalcanti! Sou mais um dos que seguem seu ótimo blog. Conteúdo impecável, tratando do nosso cotidiano de forma clara e responsável. Parabéns pela escrita e pela pessoa que é. Quanto ao post em questão, realmente muito tardia a verdade de que nós gays não somos os únicos a contrairmos o HIV. Como dizem, contudo, antes tarde do que nunca. E camisinha sempre mesmo! Também já tive uma relação com um soropositivo, e foi uma das mais tranquilas, posto que ele possuir o vírus não era sinônimo de que deveríamos falar e só pensar no “problema”, afinal, viver é muito melhor! Ótima semana!

  10. Oi! Primeira vez que eu entro e já gostei do seu texto. No fim, quando você pergunta se AIDS é coisa de gay, me fez lembrar de um episódio do passado. Eu tive uma namorada que não era homossexual. Pelo menos é o que ela afirmava todos os dias durante muitos meses. Uma vez, depois ela tinha me dado o fora, acabamos ficando de novo. Às tantas, num momento de intimidade, ela me disse que não usava camisinha com o namorado novo “porque ele não é promíscuo como seus amigos gays” e, portanto, não era necessário se proteger. Tá? Pessoa com curso superior e mãe de filhos. Para você ver, amigo. Abração.

  11. Bom dia, Lourenço!

    Ótimo tema em tempos que a meninada não se previne das doenças, incluindo a AIDS. Observo que muitos hoje têm aquela falsal confiança que nunca serei contaminado… Ledo engano.

    E além da AIDS, existem estas DSTs que também complicam a vida daquele que não se cuida.

    Conheço várias pessoas que têm o vírus. Entre eles, tem o meu grande-amigo-irmão daqui de BH.

    Ele contaminou-se por causa de um ‘vacilo’, aqueles encontros casuais em que o prazer e o tesão falou mais alto. Hoje ele se arrepende, mas vive tranquilamente.

    No início o apoiei bastante pois ficou deprimido, culpado, dizendo que ninguém o quereria mais etc..
    Um dia, em conversa, disse-lhe que ele era tão limitado quanto uma pessoa com diabetes. Inclusive convivo com um colega de trabalho diabético e acompanho suas limitações e cuidados redobrados – açúcar, machucados, quedas, glicose, alimentos diet etc… Mesmo assim, vive numa boa e nós, ao redor, acostumamos e até entramos no clima dos lights..

    Hoje, o meu amigo, somente soropositivo, faz controle periódico, está tudo bem com ele. Por causa da baixa contaminação que teve, às vezes nem aparece a carga viral, sendo necessários outros exames. Está namorando um cara legal, que convive numa boa a mais de 3 anos.

    É isso, tem que se cuidar e proteger-se. Não se entregar aos encantos do prazer imediato.

    Grande abraço,

    Gus
    BHz

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