Meus caros, cá estou de volta ao tema. Eu poderia falar sobre preconceito e homofobia por toda a vida, preencher vários posts, e perder toda a minha audiência por ser tão chato. Pertinência não é garantia nenhuma de leitura agradável. Tudo a seu tempo. Perdi a paciência ontem com um filme que sequer vi. Tarantino ama a violência, fez dela sua única linguagem em filmes dos quais até gostei, mas a repetição esgota o mérito. Ele não consegue passar disso? O diretor negro Spike Lee já o espinafrou, e eu lhe dou razão. Glorificar a violência denota falta de responsabilidade. Neste blog, eu tento combater a violência da homofobia. Pressupondo algum respeito, preconceito se combate com informação e argumentos, homofobia não. Homofobia é violência pura, fere, mata. Contra a homofobia, só a lei, que sempre chega tarde demais.
Qual a diferença entre homofobia e preconceito? Eu acho que é o grau de violência com que se manifestam. O Preconceito também nasce do medo, da insegurança dos homens quanto a sua sexualidade, principalmente na cultura machista em que vivemos, e, portanto, da ignorância. O preconceito não é necessariamente violento, mesmo porque quase nenhum preconceituoso se reconhece como tal, e contra ele se argumenta – não que se mude a opinião preconceituosa, mas impõe-se respeito. Ninguém é obrigado a gostar dos gays, e nós temos de respeitar isso, mas também podemos exigir sermos respeitados. Preconceito, muitas vezes, é conceito torto. Para boa parte da população, a única referência de gay é o afeminado, afetado, de comportamento escandaloso, ou então o travesti. Com todo respeito por esses homossexuais, pois eles expõem sua homossexualidade de forma corajosa! Quando se mostra que um gay pode ser um homem como outro qualquer, viril, forte, masculino, o preconceito começa a cair por terra. Um jovem gay pode, então, se aceitar mais facilmente, ser aceito por sua família, etc… Temos ainda muito caminho pela frente, pois essa explicação só confirma o preconceito contra o gay afeminado, é verdade, mas infelizmente é a realidade. Os afeminados não são culpados pelo preconceito, são vítimas dele, a culpa é do medo e da ignorância, que prevalecem na nossa sociedade.
No final de semana, vivi uma situação maravilhosa, que demonstra o que é a falta de uma vivência homossexual sadia. Eu estava com um menino gay, 20 anos de idade, vindo de Porto Alegre, que amigos gaúchos me pediram que guiasse pela nossa noite. Ele estava deslumbrado por estar em São Paulo, leu tudo o que eu escrevi sobre balada, e estava ansioso por se jogar. Nós esperávamos para entrar em uma casa noturna quando, ao nosso lado, dois gays bem bofes, viris, altos, se agarraram num beijo cinematográfico. O menino, ele mesmo gay, olhou para mim assustado e disse : “São dois homens!”. Gargalhada geral, ele até ganhou um abraço caloroso dos beijoqueiros. Eu não ganhei abraço, fiquei só na vontade.
E vocês? Algum de vocês reconhece ser preconceituoso? Algum de vocês conhece algum homofóbico?
Deixe um comentário