Fé de carioca

Bandeira carioca
Bandeira carioca

Meus caros, mais uma vez volto do Rio de Janeiro espantado. De um lado, um brutal noticiário sobre violência, com queda de helicóptero e tudo, e, de outro, a capacidade fantástica dos cariocas em acreditar na superação de seus problemas. Eles amam perdidamente sua cidade, acreditam nela, têm esperança no futuro, acreditam em soluções para a guerra contra o tráfico, para a polícia corrupta, para a poluição, etc… É um exercício de fé que me impressiona. Delírio? Não, tem lógica. Ao longo dos próximos sete anos, o Rio vai hospedar quatro mega eventos esportivos: as Olimpíadas Militares de 2011, de que eu nunca tinha ouvido falar, mas é o segundo maior evento poliesportivo do mundo, com 5 mil atletas; em 2013 e 2014, será a vez das Copas das Confederações e do Mundo; e, finalmente, as Olimpíadas de 2016. Não é pouca coisa. Poucas cidades, na história, enfrentaram um calendário desses. A sinergia dos governos federal, estadual, e municipal, será obrigatória. O Brasil não pode fazer feio, e quem quer que venha a ser presidente, governador, ou prefeito, sabe que do resultado dos eventos depende suas vidas! Dinheiro haverá, e nem se precisa do prometido pré-sal para isso, Lula já está abrindo os cofres – mesmo porque, a conta será problema para seu sucessor.

Escura.mas clareando...
Escura, mas clareando…

Um desses cariocas apaixonados por sua cidade, o homem mais rico do Brasil, Eike Batista, está despoluindo a Lagoa Rodrigo de Freitas com seu próprio dinheiro. Achei bárbaro. A Lagoa é um cartão-postal do Rio, e era dada como morta. Ele também pagou parte dos custos da campanha do Rio para conseguir as Olimpíadas, vários milhões,  e não fez segredo nenhum disso. Não foi ilegal, e ele faz o que quer com o próprio dinheiro. Ele pediu, e ganhou, a concessão da Marina da Glória, e estão gritando que houve favorecimento. Acho que houve, mas eu ainda acredito mais num  empresário que nos políticos do Estado ou do Município.

O Rio deu um  show na Eco-92, reunindo centenas de chefes de estado. Nos Jogos Pan-Americanos também. Os cariocas estão confiantes de que darão conta desses quatro grandes eventos, consertando sua cidade na carona deles. Tomara! Já imaginaram se ganharem como melhor destino gay do mundo, agora, dia 2 de novembro? Votem!


Comentários

10 respostas para “Fé de carioca”

  1. Você tirou leite de pedra, Lourenço! Não consigo desgostar de nada que você escreve!

    Olímpíadas Militares? Hummm…

    Melhor destino gay do mundo? Bem, existem tantas cidades no Brasil que poderiam levar esse título…

    Grande abraço. Obrigado por oportunizar a todos a leitura de tão bons textos! Parabéns!

  2. Meu caro, o Rio de Janeiro continua lindo, como dizia o poeta. Merece mesmo receber muito investimento, seja lá de quem for, para se recuperar e ocupar o lugar que merece no mundo.
    Já imaginaste a praia cheia de bonitas topless (eh, eh, eh…)? Acho que não…
    Tomara que essa gente decida trabalhar em prol da cidade e do povo ao menos uma vez na vida. Nem que seja de olho nos euros que virão. Beijas.

  3. Essa cidade é esquisita… 🙂

    Meu namorado estava falando que ele adora isso aqui, especificamente, o ambiente daqui.

    E eu também… É estranho realmente gostar de um lugar quando este tem tantos problemas da magnitude dos problemas do Rio.

    O Rio tem carisma, mesmo estando em tal estado decadente, porque o Rio sabe que é decadente e não esconde isso de ninguém, e nem muda sua essência festiva, esperançosa, boêmia… Os críticos metralham a cidade e tudo relacionado a ela todo santo dia (chega a dar raiva) e ela continua lá: sabendo que é maravilhosa, digna na sua miséria.

    Tem que se amar esse lugar… Ai que saudade antecipada…

    Beijinhos de uma carioca que vive a dualidade de amar-detestar o Rio, mas ainda tem fé e ama bem mais do que detesta! 🙂

  4. Bom dia Lourenço!

    Rio… morei em 2000/2001, em Copacabana. Estava a trabalho e desfrutei muito pouco da cidade; voltarei e farei o tour que tanto quero, tem lindos locais para se apreciar.

    Olimpíadas Militares: eu já tinha ouvido e visto reportagens sobre o evento que em outros países é medida é comum, como no caso da saltadora com vara russa Yelena Isinbayeva, detentora da melhor marca do mundo e campeã olímpica e mundial.
    Os atletas fazem o curso de adaptação para se transformarem em militares da ativa – requisito para irem aos Jogos Militares -, mas não tem exclusividade como atletas-militares. A maior parte deles voltará a treinar nos seus clubes e seguirá defendendo o país em competições como Mundiais e Olimpíadas.

    Torço para que o governo incentive mais o esporte em nosso país. A meninada precisa de ocupação, desde cedo. O esporte e a educação formam cidadãos melhores, pessoas de bem para um mundo melhor.

    Alguns podem achar utópico isso, mas para mim a educação é a base de qualquer sociedade.

    Sem dúvidas!

    Quanto ao Rio’16, não só a cidade, mas o país inteiro dará um show!

    Abraço caloroso!

    Gus
    BHz – chuvinha, vontade de ficar em casa, debaixo do cobertor (ou melhor com “os cobertores”…)
    🙂

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