Prezados Leitores, acho de bom tom transcrever a carta enviada ao governador Roberto Requião pelo ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Esta carta/ofício, menciona muito do que foi feito pelo governo do Paraná em prol da comunidade. Nada do que se faz em prol deve ser esquecido, até mesmo por justiça. Esta é mais uma razão para que o governador, mostrando coerência, explique suas palavras, as retire, ou se retrate. Eu ficarei muito feliz em ver um final positivo para este episódio. Em respeito, transcrevo abaixo a carta:
“Ofício PR 520/2009 (TR/dh) Curitiba, 27 de outubro de 2009
Ao: Exmo. Sr. Roberto Requião
Governador do Estado do Paraná
Assunto: Audiência pede-se
Prezado Governador
A ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – é uma entidade de abrangência nacional, fundada em 1995, que congrega 220 organizações congêneres e tem como objetivo a defesa e promoção da cidadania desses segmentos da população. A ABGLT também é atuante internacionalmente e tem status consultivo junto ao Conselho Econômico e Social da Organização das Nações Unidas.
Gostaríamos de dizer que senhor tem sido considerado um grande aliado dos direitos humanos de todas as comunidades, inclusive da comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT). O senhor foi um dos primeiros governadores a convocar a 1ª Conferência Estadual LGBT, através do nosso querido amigo e companheiro de luta, Dr. Nizan Pereira, Secretaria de Estado para Assuntos Estratégicos.
A Secretaria de Estado da Educação e o Conselho Estadual de Educação têm sido referência no âmbito nacional pelo reconhecimento do nome social das pessoas trans e com a criação da Coordenação de Diversidade Sexual e Gênero.
A Secretaria de Estado da Saúde tem sido uma grande parceira do movimento LGBT paranaense na luta contra a Aids e a favor da cidadania. A Secretaria de Estado da Segurança Pública tem feito um trabalho exemplar na captura das quadrilhas neonazistas no estado do Paraná.
No ano 2009, até o momento, 19 gays e travestis foram barbaramente assassinados no estado do Paraná e nos últimos 15 anos foram 160. Pesquisa da UNESCO afirma que 40% dos adolescentes masculinos não gostariam de estudar com um gay na mesma sala de aula, e 60% dos professores não sabem nem lidar com a situação.
As piadas com relação à nossa comunidade infelizmente reforçam o preconceito, a discriminação e a violência que sofremos. Sabemos que Vossa Excelência gosta muito de humor e realmente o humor ajuda os discursos a serem entendidos melhor pela população.
Infelizmente, seu comentário na “escolinha’ do governo do dia de hoje (http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL1356762-5601,00.html), colocando que o câncer de mama em homens deve ser uma consequência das passeatas gays (sic) não foi de bom tom. Felizmente, a plateia não deu gargalhadas e o Secretário de Estado da Saúde, Gilberto Martin, foi feliz nas suas colocações a respeito.
Salientamos que a Organização Mundial da Saúde deixou de considerar a homossexualidade como doença em 17 de maio de 1990.
Nós da ABGLT também reconhecemos os avanços no estado do Paraná, mas queremos reafirmar nosso compromisso na defesa dos direitos humanos da comunidade LGBT e dizer que na última parada LGBT tivemos 120 mil pessoas participando, e que ela tem o objetivo de visibilizar a situação de discriminação, preconceito e violência que sofremos, e reivindicar políticas públicas para a nossa comunidade. Como disse o presidente Lula na abertura da 1ª Conferência Nacional LGBT “ninguém pergunta a orientação sexual de vocês quando vão pagar os impostos, por que as pessoas insistem em discriminá-los?”
Posto isto, venho em nome das nossas 220 organizações afiliadas, incluindo 10 organizações paranaenses, pedir uma audiência com Vossa Excelência para discutirmos o andamento da implementação das propostas aprovadas pela 1ª Conferência Estadual LGBT em 2008.
Afinal, consideramos o senhor um aliado. Estamos juntos contra todas as doenças, inclusive o câncer de próstata. Estamos à disposição pelos telefones 41 9602 8906 / 41 3222 3999.
Na expectativa de sermos atendidos, agradecemos desde já a disponibilidade de diálogo.
Cordialmente
Toni Reis
Presidente”
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