Cama para o casal

Guia Básico
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Meus caros, se fôssemos depender apenas dos hotéis GLS no Brasil, melhor seria ficar em casa assistindo Telecine, pois ainda são muito poucos. O que temos, na maioria das vezes, são bons estabelecimentos, destinados a qualquer público, que nos recebem bem. Só que gay é exigente, quer e merece ser bem tratado, e aí começam certos problemas. Um casal de amigos relatou uma situação trágico-cômica que demonstra bem isso. Os dois fofos foram celebrar três anos de namoro, algo como bodas de prata entre gays, e decidiram “gastar algumas calças Diesel” numa pousada caríssima, na região de Cabo Frio. A reserva foi feita por telefone, e eles já avisaram que eram um casal. Chegaram às 11 da manhã, hora de entrada e saída de hóspedes, mas havia apenas uma funcionária, em TPM, na recepção. Eles foram encaminhados ao quarto – que tinha duas camas de solteiro! Voltaram para a recepção, irritados, mas discretos, e explicaram a situação para a recepcionista, que respondeu secamente dizendo que a reserva era para aquele quarto mesmo. Aí, um deles perguntou pela cama de casal. A pergunta derrubou a ficha da moça, que, na frente de todos, exclamou em alto e bom som: “Ah, entendi, vocês são um casal”. O burburinho baixou, todos os olhares num raio de 15 metros se fixaram nos dois e, então, a Miss Simpatia se superou, exclamando em alto e bom som: “O senhor deveria ter dito antes, sempre recebemos os gays muito bem aqui!. Eu troco o quarto assim que vagar outro”. Os dois, já no papel de “bichas do momento”,  aguardaram um tempão no bar da piscina.

O primeiro requisito no trato com os homossexuais é a discrição! Muitos passam a vida sem falar sobre sua sexualidade com as próprias mães, e a exposição fora do gueto é sempre delicada. Registrar-se num hotel, pedindo cama de casal, é coisa básica, e, fundamentalmente, discreta. Advogado bem resolvido, um dos amigos pediu para falar com o gerente, que chegou bem depois do almoço. Explicada a situação, em vez de compreensão e desculpas, eles ouviram foi:  “Mas vocês têm vergonha de serem gays?”. Resumo da ópera: meus amigos celebraram as bodas na própria casa e estão brigando para receber seu dinheiro de volta. O nome da pousada sairá em breve, em uma carta publicada em vários guias e revistas de turismo. Contarei o próximo capítulo, se houver.


Comentários

8 respostas para “Cama para o casal”

  1. excelente, não conhecia seu blog e surfando na net descobri seus textos. nós mesmos já enfrentamos estes “atendimentos” em lugares declaradamente friendly. Mas depois de um tempo , exercitando o óleo de peroba, paramos de nos importar e ate fazemos piada destas situações! HELLLO! Nós somos casados, ele eh meu marido!

  2. Iasmim,

    Lembrei de um episódio, fui comprar cachorro quente próximo a casa de minha mãe e a dona do quiosque para abrir aquele plástico soprava, imagine! Nunca mais voltei… hehehe. Isso que nem eram tempos de gripe suína.

    Bom dia a todos nós…

  3. Nossa que indelicadeza da moça e do gerente!Não é questão de ter vergonha de ser gay, é uma questão de não gostar de ser o centro das atenções, né não?

    O problema de muitos serviços (não somente a hotelaria) é que os funcionários não tem qualquer treinamento mais profissional para realizar determinada função e isso ainda esbarra na falta de educação básica.

    Exemplo: dia desses fui no Subway. A moça do caixa era até bem simpatiquinha, mas quando ela foi me dar o copo para eu encher com o refrigerante, ela meteu os dedos na parte interna… Caramba, ela pega em dinheiro! Falta básica de higiene que ela deve fazer em casa também. Como se treinar uma pessoa assim? Difícil…. Acho que só com um centro de treinamento militar-profissionalizante! 😀

    Em tempo: bom ver que todos sobreviveram ao apagão! 😀

    Beijocas a todos 🙂

    Gus: eu gosto da idéia, mas o problema é que moramos em lugares diferentes do Brasil (e eu não vou nem morar no país ano que vem). Como podemos fazer esse encontro? 🙂

  4. De fato precisamos de pontos específicos para nosso meio, lugar em que poderíamos ir acompanhados passar férias, final de semana, etc.
    Engraçado que estamos sempre lendo que esse nicho é rentável etc..etc..e por que será que ainda não surgiu nada de interessante ?

    Gus sua idéia é boa….abraço a ti guri e aos outros também.

  5. Oi, Lourenço. É o despreparo do profissional brasileiro. O nosso país tem beleza pra dar e vender (principalmente vender), é só saber fazer. Mas aí é que pega… Repare como o setor de serviços não funciona, até porque o grau de exigência é baixo quando comparado a outros países. O povo relaxa, como diria nossa MS. Aí pega uns gays mais sofisticados e exigentes e fica sem ação. Profissionalismo, gente!!! Abraço.

  6. Meu caro, é por essas e outras que espero ansiosa o feriadón da Consciência Negra. Vamos nos jogar, minha companheira e eu, em uma pousada muitíssimo bem recomendada em Petrópolis. Depois eu conto (sem detalhes, bien sûr).
    Além dos gays tem os idosos, meio excluídos também. O país está envelhecendo e essas pessoas estão a cada dia mais joviais e bem dispostas, além de terem dinheiro para gastar.
    E eu quase me incluo nas duas categorias (rá, rá, rá). Beijas.

  7. Bom dia!

    Infelizmente é verdade. Ainda temos poucas opções para o turismo GLS em nível de hotéis, pousadas e afins…

    Engraçado que os turismólogos de hoje em dia ainda falam que a área é difícil, o profissional não é valorizado etc… Acho que é ficar atento a este nicho do mercado que ainda é pouco explorado e investido no Brasil…

    Recentemente, li algo sobre o futuro dos turismólogos incentivando esses profissionais a investir no segmento GLS, justamente pelo poucos negócios explorados no país…

    Ilustrando http://www.365diasviajando.com/turismo-gls-brasil/

    Saudades da galerinha: Ba, Iasmim, Ro, Rafa, Loira… Futuramente, podíamos marcar o Encontro dos Comentaristas do 23B. Seria tudo de bom!!!

    Beijão a todos!

    Gus
    Bhz

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