Meus caros, novamente no Rio de Janeiro, trabalhadeira deste sem-herança que precisa garantir a aposentadoria. Rio denota prazer, adoro a cidade, mas, no verão, quase 40 graus, vestindo o terno e gravata que manda a advocacia, é de morrer, ou de derreter. Aqui só existem duas estações do ano, o inverno e o inferno, que já começou. Terminada a função profissional, final de tarde, eu tinha três horas para esperar que um tabelião me preparasse uma escritura em tempo recorde, mas foi só olhar a paisagem que tudo valeu a pena.
O calor obriga todos, menos os advogados, a se vestirem com roupas mais leves, quando não resumidíssimas, meros biquínis ou calções de banho. E, então, esta cidade adianta o próprio carnaval e vira uma festa, um paraíso. As mulheres vestem biquínis e roupas que fariam Geisy Arruda, da Unibam, parecer uma freira. Shortinhos curtíssimos e, na parte de cima, levíssimas blusinhas.
Já os homens, benza Deus, todos lembram Jesus Luz, o de Madonna. O uniforme é apenas o calção, daqueles que cobrem a cocha quase inteira, mas abrem à visão pública a parte pré-púbica do baixíssimo ventre. A parte de cima vai nua, torso e braços muito bem torneados. Basta olhar uns dois ou três meninos que vocês entenderão por que Calvin Klein, o próprio, comprou um belo apartamento no Arpoador, e passa essa temporada por aqui. Os meninos andam assim na rua, lógico, pois o mar está ali, a menos de 3 ou 4 quarteirões, e eles transformam todo esse território em praia. Testosterona é a minha droga, sempre confessei isso. Alguém deveria atualizar Vinicius de Moraes, que mereceu o nome daquela rua estrategicamente localizada, e incluir o sexo masculino na poesia de Ipanema. Afinal, o Rio foi o melhor destino gay do mundo em 2009, esqueceram? Vinicius, a rua, delimita, com a Farme de Amoedo, o território gay da praia. O fotógrafo Alair Gomes, embora preferisse Copacabana, registrou este paraíso como ninguém – quem não viu sua exposição, que já terminou, perdeu!
Esperar pelo quer que seja, vestindo o mais quente dos ternos, mas admirando essa paisagem, não requer sacrifício nenhum. Aliás achei que as duas horas e quarenta que demorou o tabelião foram inclementemente curtas. Verão é época de praia, pobre de quem trabalha.
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