Queridos, hoje faz 28 anos da morte de Elis Regina, que além de ter sido uma das maiores cantoras da história da música brasileira, é um ícone gay incontestável. Seu fã clube é enorme, principalmente entre aqueles que a viram cantar – imagino que poucos de vocês, pois ela é da minha geração, dos quarentões(onas). Elis tinha uma voz linda, afinadíssima, era carismática no palco, chegou a cantar no Olympia, em Paris, e arrasou. Gravou um disco inteiro com Tom Jobim, e os dois juntos, cantando Águas de Março, são obrigatórios para quem queira saber algo sobre cultura brasileira nas décadas de 1960 e 1970.
Ela usou de sua presença na mídia para contestar a ditadura e, cantando O Bêbado e a Equilibrista, deu um belo tapa, com luvas de boxe, na cara dos militares. Não temos gravações de grande qualidade, pois aquela era a época dos long plays, os enormes discos pretos que arranhavam, e nem tudo foi propriamente digitalizado, mas tem várias canções no YouTube, das quais Águas de Março, Como Nossos Pais, Romaria, Maria Maria e Fascinação, são de visitação obrigatória. Várias grandes cantoras seguem seu repertório, divas como Bethânia e Simone, por exemplo, mas ninguém melhor que seus filhos, Maria Rita, tão igual a mãe que é um susto, e Pedro Camargo Mariano.
Elis não era lésbica, mas quase todos os gays a adoravam. Por que nós, gays, temos essa fixação por Divas? Já falei de Liza Minnelli e Madonna, mas temos as brasileiras; Bethânia é um ícone, agradece sempre os aplausos com a famosa frase “Obrigada Senhores”, embora sejam pouquíssimos os homens na plateia. Simone vive publicamente com suas namoradas, elas não estão nem aí, já transcenderam a questão.
A morte de Elis, causada por uma mistura de cocaína e álcool, foi um susto no Brasil inteiro, e eu acho que poderia ser trazida como um exemplo bem oportuno hoje, quando as drogas estão voltando com tanta força. Será que o espetáculo Deus é Química, de Fernandinha Torres, não virá para São Paulo? Precisávamos…
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