Nosso padroeiro

O preferido de Mishima
O preferido de Mishima

Queridos, hoje é dia de São Sebastião, e, portanto, feriado no Rio de Janeiro, melhor destino gay do mundo em 2009. O santo é padroeiro da cidade e, também, de nós gays. Alguém não sabia disso? Ele foi um soldado romano condenado à morte pelo imperador Diocleciano, e é sempre retratado no momento da execução, com o corpo perfurado por flexas. Segundo a versão oficial da Igreja Católica, Sebastião era da guarda pessoal do imperador, e seria até mesmo um dos preferidos do próprio, mas converteu-se ao cristianismo, naquela época ainda uma religião proibida. Como cristão, teria protegido vários prisioneiros cristãos, poupando-os da tortura, e por isso foi condenado à morte. Mesmo perfurado por flexas, Sebastião não morreu, foi salvo por Irene, que depois viria a ser sagrada Santa Irene. O imperador descobriu e mandou repetir a execução, dessa vez pelo espancamento, e mesmo assim o santo não morreu, teve de ser transpassado por uma lança para entregar a alma. Esse exemplo de fé a todo custo garantiu-lhe o título de santo, além de dezenas de retratos, pintados pelos melhores artistas, desde a renascensça.

Essa era a história oficial. O que se sabe hoje, resultado de diversas pesquisas históricas, é que Diocleciano era homossexual, se servia sexualmente de seus soldados, até que Sebastião, que deveria ser um homão, com corpo forte de soldado e bonito bastante para atrair a atenção do imperador, recusou-se a servi-lo, sendo condenado à morte por isso. Sebastião, dizem as boas e más línguas, também era homossexual, mas preferiu peitar o imperador em prol de um amante. Ninguém estava lá para ver, mas mito é mito, ninguém precisa provar nada.

Mishima causando...
Mishima causando…

Yukio Mishima, o bárbaro escritor gay japonês, ícone gay do século XX, confessou, em seu livro Confissões de Uma Máscara, de teor quase autobiográfico, que seu primeiro orgasmo teria acontecido ao se deparar com essa pintura de São Sebastião que vocês estão vendo aí em cima. Reparem que o santo é retratado sem a menor expressão de dor, e seu corpo é, sim, musculoso e sensual. Essa conexão de sofrimento físico com prazer sexual é misteriosa… Mishima, ele mesmo, não resistiu, e fez-se fotografar na mesma pose, em uma foto que se tornou mitológica, e que copio aqui ao lado.

Pois vamos venerar o santo! Cariocas, aproveitem o feriado e acendam uma vela para ele, peçam proteção, namorados, o que quiserem, afinal, ele é nosso padroeiro.


Comentários

14 respostas para “Nosso padroeiro”

  1. Não entendo o porquê de ser padroeiro dos gays, pois pela sua versão ele foi morto justamente por não ser homosexual

    1. Salathiel, os gays dizem que ele era homossexual, a igreja diz que não. O fato é que ele se tornou o padroeiro dos gays, dada a sensualidade de seus retratos e as circunstâncias de sua morte. Sua sensualidade, evidente em tantos retratos, seu martírio, a curiosa relação dor/prazer, tudo isso faz dele um ícone, que não escapou aos gays, fosse ele homossexual ou não.

  2. Oi querido,

    Feriado na quarta-feira é o único no qual o dia da semana que não é e nem emenda com o final de semana. Resultado? O que quer que você queria fazer nessa cidade hoje, pode apostar: vai estar cheio de pessoas que tiveram a mesma idéia! 😀

    Mas tudo bem, vou poder sair com papai, evento raríssimo! 😀

    Quanto ao santo, São Sebastião é retratado de uma maneira muito peculiar mesmo. Eu me lembro de ter visto uma réplica de uma das telas do Caravaggio de São Sebastião quando era adolescente e ter ficado fascinada. É uma imagem realmente muito impactante. 🙂

    Beijocas

    PS: por mais que eu ache que você fosse continuar a mesma pessoa incrível que você é, não vamos saber o que seria de você sem minhas carinhas amarelas, lindinho, porque elas vão estar sempre por aqui. 🙂

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