Meus caros, não engoli a retratação do general Raimundo Nonato de Cerqueira Filho, aquele que declarou numa sabatina no Senado que os gays são incompatíveis com as Forças armadas, mas que voltou atrás e pediu desculpas por escrito. A carta só foi enviada depois que o senador Suplicy travou a nomeação do general exigindo uma nova convocação para explicar o que disse. Desculpar-se assim não vale.
Encontrei ontem dois amigos que foram ao show da Beyoncé, adoraram, mas não gostaram do fim, quando ela cantou Ave Maria (Bethania também canta lindamente). Disseram que “A igreja detesta os gays, ela não poderia ter cantado”, etc. Também li que a atriz Anne Hathaway está trocando de religião, em protesto pela forma como a cúpula do catolicismo trata os homossexuais. Acho que a questão ficou parecida com os comentários do general – a homossexualidade e o catolicismo seriam incompatíveis. Eu não penso assim.
É importante dissociar religião cristã de igreja católica. A igreja não é a dona da religião, acreditar na religião não obriga a acreditar na igreja, o Papa não manda no que você pensa, embora ele ache que sim. Minha família não é católica, cresci num ambiente absolutamente anticlerical, mas acabei na igreja, pois os fundamentos da religião me fascinaram, e, se o Papa fala mal dos gays, acredito que errado está ele. Por que eu deveria me sentir atingido? Eu critico as ideias medievais dele e repito: ele não é o dono da religião. Eu sigo uma mestra indiana maravilhosa, uma verdadeira santa, iluminada, e ela diz que se você é cristão, seja um bom cristão, se for judeu, seja um bom judeu, nenhuma religião é contraditória para ela, que prega o princípio do amor universal, amar ao próximo como a si mesmo. Curiosamente, os grandes cabalistas judeus chegam ao mesmo ensinamento. Eu sou cristão, sigo uma mestra indiana, e, assim como Madonna, estudo (fascinado) a cabala judaica. Contraditório? Eu não vejo por quê.
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