Dilma se reaproxima de Lula e pode oferecer ministério. Será uma boa ideia?

Dilma Rousseff e Lula acenam para simpatizantes e militantes do PT, da sacada do apartamento do ex-presidente - Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula
Dilma e Lula acenam para simpatizantes do PT, da sacada do apartamento do ex-presidente – Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula

A visita do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na quarta-feira (9), só reforçou os rumores de que o antecessor da presidenta Dilma Rousseff pode assumir um ministério no governo. Será mesmo uma boa ideia?

Dilma, que chegou a ensaiar um afastamento de Lula e do PT há duas semanas, teria voltado atrás e decidido se unir ao padrinho político depois do vazamento da delação premiada de Delcídio do Amaral, na quinta-feira (3), em que os dois são citados, e da condução coercitiva do ex-presidente à Polícia Federal para depor na semana passada.

Convencida de que a oposição não desistirá de destituí-la mesmo se conseguirem inviabilizar Lula para as eleições de 2018, ela decidiu visitar o ex-presidente em sua casa, em São Bernardo, no sábado (5) para prestar solidariedade. Teria aproveitado para passar um recado de alguns ministros: “traga Lula para o governo oferecendo-lhe um ministério”.

Em tese, a decisão resolveria três problemas. Lula poderia assumir a chefia da Casa Civil ou a articulação política para recuperar a base aliada ao mesmo tempo em que injetaria sangue novo ao governo e se protegeria da Lava Jato. De e quebra, Lula ganharia foro privilegiado ao assumir um ministério, dificultando as ações de Sérgio Moro, juiz da Operação Lava Jato.

O convite oficial, no entanto, teria sido feito na terça-feira (8) em um jantar, especula-se nos bastidores em Brasília. Lula teria resistido porque temeria passar a impressão de que foge da Justiça.

Se mudar de ideia, no entanto, pode assumir a tarefa de reconduzir a política econômica do governo para a esquerda, começando por substituir o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, por Henrique Meirelles, queridinho do mercado financeiro e braço direito de Lula no Banco Central em seus tempos de presidente. Para o Ministério da Justiça – cujo novo ocupante, Wellington Silva, teve sua indicação vetada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) –, Lula indicaria Nelson Jobim.

Dilma, no entanto, preferiria que o antecessor ocupasse um ministério menos central, como Relações Exteriores ou Comunicações. “Qual time não gostaria de colocar o Pelé em campo?”, questionou Ricardo Berzoini, secretário de Governo, depois do jantar que teve com ele e Dilma na quarta-feira (9).

Antes, Lula já teria sido aconselhado pelo presidente do Senado a aceitar o pedido. Em café da manhã, Renan entregou ao petista uma cópia da Constituição Federal como gesto simbólico de que acredita que a Operação Lava Jato já ultrapassou todos os limites.

Lula pode assumir ou não um ministério nos próximos dias e a rapidez com que vai tomar essa decisão será um sinal sobre a quantas andam a conspiração pelo impeachment nos corredores do Planalto. Para alguns, a ida de Lula para o governo pode tirar o Brasil da crise, para outros será o sinal de que as fichas do governo se esgotaram.


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