Analistas de investimento anunciam uma retomada do preço internacional do petróleo e o Brasil volta a lançar títulos no mercado global, para fazer a primeira captação externa depois da queda de sua avaliação nos rankings de três das principais agências de classificação de risco.
Essas informações são antecipadas para assinantes de boletins de notícias econômicas, e chegaram aos leitores de jornais brasileiros online na tarde dessa quinta-feira (10).
Avaliações preliminares apontam boa receptividade para os títulos, mas não se pode afirmar quais seriam as principais influências sobre o valor que será emplacado pelo mercado.
Otimistas dirão que o evento faz parte de um novo cenário, apontando uma breve recuperação da economia do País.
Pessimistas insistirão que se trata de um respiro circunstancial, uma vez que o Brasil estaria definitivamente no fundo do poço.
Outros ponderam que se trata de um teste, talvez uma oportunidade para o investidor desvincular dificuldades circunstanciais do País e enxergar o potencial de crescimento na próxima década.
Como não poderia deixar de ser, os abutres de plantão associam esse contexto aos factoides políticos produzidos no campo jurídico, para concluir rapidamente que, se a venda desses bônus for um sucesso, isso deverá ser creditado à percepção do mercado de que o mandato da presidente Dilma Rousseff será interrompido em curto prazo.
Esta é uma oportunidade preciosa para quem se empenha em alcançar o grau de excelência em midiotice.
Vejamos: ao ler o conjunto de informações e pressupostos acima, você:
Torce para que ninguém compre esses títulos;
Acha que os investidores são ludibriados, porque o Brasil já foi para o ralo;
Entende que, se eles estão comprando, é porque sabem que a Dilma vai cair e o Brasil, finalmente, vai ser governado por gente honesta, patriota e competente;
Imagina que o mercado se move pela relação risco-benefício, sabe que os juros pagos por esses títulos são compensadores e que os analistas de investimento conhecem o potencial do Brasil.
Muitas das análises disponíveis se referem ao efeito pernicioso da crise política – alimentada pela mídia tradicional – sobre as chances brasileiras de retomar seu lugar no cenário da economia globalizada.
Há, portanto, uma relação direta entre aquilo que você recebe dos grandes meios de comunicação e reproduz nas redes sociais – e o seu próprio bem-estar no futuro próximo.
Você pensa nisso quando sai por aí pregando o armagedon?
Costuma, por exemplo, “curtir” e compartilhar aqueles vídeos apocalípticos?
Por exemplo, aquele que fala sobre o financiamento de grandes obras no exterior por parte do BNDES?
Em resumo, ali se diz que o banco brasileiro de fomento financia obras em outros países, deixando de estimular a economia brasileira e que isso constituiria uma bomba prestes a explodir.
Se, antes de sair compartilhando esse lixo, você fizer uma pesquisa simples, vai descobrir que, há quinze anos, o BNDES vem ampliando a concessão de financiamentos para empresas brasileiras que queiram atuar no exterior.
Claro, esses projetos se reduzem na medida em que crescem as dificuldades, como se pode imaginar.
Mas, longe do que dizem esses vídeos, tais projetos criam milhares de empregos, trazem grandes volumes de receita e estimulam a inovação tecnológica e de gestão.
Por exemplo, com esse tipo de financiamento uma empresa brasileira ajuda a irrigar desertos pelo mundo afora; uma dessas obras é uma hidrelétrica construída na encosta de um vulcão; outra recupera e moderniza cidades históricas.
Junto de cada um desses projetos se desenvolvem valiosas experiências de empreendedorismo social, o que contribui para reduzir a pobreza no Brasil e em outros países.
Entendeu? Quando você sai por aí reproduzindo esse lixo, está agindo contra seus próprios interesses.
Para ler: Hoje não tem.
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