Um em cada quatro idosos tem uma superbactéria na mão após internação

Um estudo publicado nesta segunda-feira (14) no JAMA Internal Medicine mostrou que um em cada quatro idosos registra pelo menos um tipo de superbactéria nas mãos em internações. Uma superbactéria é um micro-organismo capaz de produzir uma enzima que o deixa resistente a tratamento. Uma das principais vilãs dos hospitais é a enzima KPC que, oportunista, ataca doentes em quadros graves e pode ser letal. Sua principal via de transmissão é por meio das mãos. 

Na pesquisa publicada no JAMA, feita pela Universidade de Michigan (EUA), foram analisados 357 pacientes que deram entrada em unidades de reabilitação após deixaram o hospital. Os participantes haviam realizado cirurgias comuns nessa faixa etária, como as de joelho e de quadril, por exemplo. A equipe de pesquisadores testou a mão desses idosos e conclui que 24,1% deles carregava algum tipo de bactéria resistente a maioria dos antibióticos.

Esse índice também tende a crescer com o tempo, segundo a pesquisa. Os investigadores continuaram os testes mensalmente por até seis meses ou até a alta. Durante esses outros exames, eles descobriram não só que esses organismos persistiam, mas que cada vez mais idosos adquiriam as superbactérias. O índice então pulou de um em cada quatro (24,1%) para um em cada três (34,2%).

Pacientes idosos devem ser instruídos sobre a lavagem das mãos para impedir a disseminação de superbactérias. Foto: Ingimage
Pacientes idosos devem ser instruídos sobre a lavagem das mãos para impedir a disseminação de superbactérias. Foto: Ingimage

“Nós temos educado os profissionais de saúde por décadas sobre a higiene das mãos, e estes números mostram que é hora de incluir os pacientes na educação para a higiene das mãos”, diz a principal autora do estudo e pesquisadora Lona Mody.

A pesquisadora explica que um alto nível de superbactérias nas mãos aumenta a chance de que elas serão transmitidas para outros idosos frágeis e também para profissionais de saúde. O uso de antibióticos também é frequente nessas unidades e, por causa disso, certas estirpes de bactérias infecciosas evoluem para ser resistentes ao tratamento com a maior parte das drogas – o que os torna ainda mais perigosas.

A disseminação de superbactérias é um problema de saúde pública que preocupa hospitais e governos. O Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) publicou um novo relatório este mês em infecções hospitalares, incluindo aquelas que envolvem superbactérias, e pediu maiores esforços para prevenir a sua propagação.


Mudança de cultura e prevenção

Mody observa que pacientes idosos de hoje querem ser ativos muito mais do que no passado. Por isso, eles muitas vezes optam por ficar em instalações que oferecem atividades em grupo e eventos sociais. No entanto, quando as pessoas deixam seu quarto muitas vezes, elas estão mais propensas a tocar outras áreas do meio ambiente -o que os coloca em maior risco de adquirir novas superbactérias.

Para a médica, um número crescente de idosos trazendo superbactérias significa que novas políticas e inovações são necessárias para impedir que as superbactérias se espalhem mais intensamente nesses estabelecimentos. Uma das medidas poderia ser estender para pacientes as campanhas já voltadas para profissionais de saúde. Cartazes educativos, bem como a introdução do álcool gel para uso pessoal são  medidas possíveis e úteis para a prevenção.

Uma outra estratégia inclui levar as pessoas ao laboratório e mostrar fisicamente as superbactérias que crescem nas mãos. “As pessoas sempre se surpreendem quando veem o que pode crescer em suas mãos e como eles podem efetivamente limpar esses organismos simplesmente lavando-as adequadamente”, diz Mody. 

 


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