Caríssimos, se lembram daquele julgamento da legalidade do casamento gay, que estava acontecendo na Califórnia, sobre o qual falamos no post de 20 de janeiro? Aquele em que a causa homossexual foi defendida por dois fantásticos advogados, David Boies, liberal democrata, e Theodore Olson, republicano e conservador, ambos rivais no julgamento que deu a presidência dos Estados Unidos ao nefasto George W. Bush em 2000? Pois o juiz federal da Califórnia julgou ontem a questão em favor da legalidade do casamento gay, dizendo que inconstitucional é a famigerada Proposition 8, que o impedia. Também nos Estados Unidos, os juízes demoram meses para decidir, mas esse foi certeiro, sua sentença é linda, e vai marcar a história do movimento pelos direitos dos homossexuais naquele país – e no mundo!
Lógico que os conservadores vão apelar para a Suprema Corte americana, órgão máximo do judiciário daquele país, equivalente ao nosso Supremo Tribunal Federal, e um problema grave para nossa causa é o perfil dos ministros daquele tribunal, hoje mais conservador que liberal. Casamento de homossexuais não é questão a que conservadores americanos sejam exatamente afeitos.
É aí que entra a figura de Theodore Olson, o advogado conservador que defendeu nossa causa na Califórnia, e que defendeu George Bush no ano 2000. Vocês nunca imaginaram que eu elogiaria um advogado americano republicano, que trabalhou com Ronald Reagan, e que defendeu George W. Bush. Eu também não, mas elogio, pois ele aceitou defender uma causa que dá arrepios aos seus amigos conservadores, afirmando que: “Nunca conseguirá entender a discriminação pela orientação sexual”. Ele acredita no princípio da igualdade para todos os cidadãos assegurado pela Constituição americana, por isso defende que gays e héteros têm os mesmos direitos. Também defende a ideia de que, se os homossexuais querem adotar a estrutura familiar, estão fortalecendo a base da sociedade – um belo argumento contra aqueles que dizem que somos uma ameaça a ela. Olson fará toda a diferença na defesa do casamento gay em uma Suprema Corte conservadora como ele. A batalha promete ser maravilhosa. Aqui no Brasil, nossa Constituição também diz que somos todos iguais perante a lei, o Superior Tribunal de Justiça já nos deu algumas vitórias, e o Supremo Tribunal Federal está julgando a legalidade constitucional das relações homoafetivas, canso de lembrar isso, mas, como é comum naquele tribunal, a questão ainda se arrasta. Abraços do Cavalcanti.
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