Aguinaldo Silva e o poder supremo

Meus caros, sei que falar de beijo gay em novela já não é mais notícia nem novidade, estamos todos cansados do assunto. Mesmo assim, não posso ignorar a declaração do (ótimo) autor de novelas Aguinaldo Silva, que afirmou com todas as letras que o esperado beijo gay no horário nobre das novelas da Globo não sai agora nem nunca! Contrariando seus colegas Sílvio de Abreu e Ricardo Linhares, que declararam achar que o Brasil está pronto para assistir à tão esperada cena, Aguinaldo usou seu Twitter para dizer  que sabe de fonte fidedigna que “Nunca haverá um beijo gay no horário nobre da televisão”. A polêmica surgiu logo após a veiculação da campanha do PSOL, na qual, em pleno horário político, dois rapazes se beijam, o que, efeito político à parte, gerou um debate salutar por toda a mídia. Eu mesmo achei, no início, que o filme era ligeiramente abusivo, por usar os gays, novamente, como arma de marketing político, mas voltei atrás depois reconhecendo que, ao menos, batia na tecla certa. Admiro Plínio Sampaio, e, embora seu partido não tenha lá grande representatividade, o beijo veio a calhar sim. Prestem atenção: uma coisa é a teledramaturgia estar pronta para o beijo, outra é ele poder acontecer. Mas qual será a fonte assim tão fidedigna de Aguinaldo Silva, que contraria seus colegas? A alta cúpula da Rede Globo? Pois foi numa novela da mesma emissora que dois atores, um deles o cotadíssimo Bruno Gagliasso, chegaram a gravar o tão comentado beijo, que foi cortado na última hora pela emissora – faltou coragem da direção. Lembro que não apenas o programa do PSOL, mas também um programa do SBT chamado Qual é o Seu Talento já mostrou um longo beijo de dois rapazes, e deu risada da Globo. Isso aconteceu em junho passado, e o mundo não caiu. No mundo do teatro, o lindo e talentoso Thiago Lacerda, que está vivendo Calígula no Rio de Janeiro, beija o ator (sortudo) Pedro Henrique Moutinho quatro vezes por semana, e a polêmica acerca desse beijo já não ganha mais nenhuma linha na mídia. Será que estamos todos falando do mesmo Brasil? Será que a teledramaturgia está mostrando outra nação que não a nossa?  De  qual poder tão supremo Aguinaldo Silva está falando?

Enquanto isso, do outro lado do Atlântico, um ministro do partido conservador saiu do armário e assumiu-se gay, encerrando um casamento de mais de 20 anos, com filhos e tudo. Não é surpresa nenhuma, pois se trata do 11º ministro conservador a assumir-se, desde 2002. O mundo caiu? Pelo contrário. Lá, isso já não é escândalo algum. Que diferença entre nossa teledramaturgia e a realidade britânica. Abraços do Cavalcanti.


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