Meus caros, o ganhador do Prêmio Nobel, Mario Vargas Llosa, declarou ontem que Lula tem uma conduta “esquizofrênica”, pois é inegavelmente um democrata em casa, mas, das fronteiras para fora, apoia regimes como a ditadura cubana, onde dissidentes políticos morrem em greves de fome na prisão, e o Irã, onde mulheres ainda são apedrejadas e homossexuais enforcados. Bela declaração. Eu só não chamaria de esquizofrenia, pois essa é uma doença que o paciente não tem como evitar, ele é vítima do mal, e o Brasil escolheu trilhar essa política externa. Trata-se de um delírio, adotado por gente como Marco Aurélio Garcia, que despreza toda a capacidade do Itamarati e prefere o “pragmatismo”, no qual se deixa para lá os direitos humanos nos outros países, e negocia-se com quem quer que seja.
Nós, homossexuais, há anos somos vítimas desse pragmatismo esquizofrênico, e ontem mesmo tivemos mais uma prova disso. Dilma Rousseff fechou posição com os evangélicos, e comprometeu-se a não legislar em favor do aborto ou dos homossexuais, e vai botar isso por escrito e assinar embaixo. José Serra seguiria o mesmo caminho, pois o voto evangélico é ouro neste momento político, em que estamos a pouco mais de duas semanas das eleições, os dois candidatos prometerão vender as mães por mais votos. Vender os homossexuais então, fica muito mais fácil.
O pragmatismo político de Dilma é conhecido, suas declarações escandalosamente contraditórias acerca do aborto já deram bastante o que falar. Ela e José Serra, ambos políticos e hipócritas por natureza, foram rezar em Aparecida do Norte pela primeira vez na vida, sem vergonha nenhuma na cara.
Foi curioso lembrar ontem, nesse blog, que nossas vitórias virão pelo judiciário, onde magistrados que visam à justiça estão reconhecendo nossos direitos à luz da Constituição Federal, sem medo de represálias, nem pretendendo agradar quem quer que seja. Nos Estados Unidos, Obama até teve coragem de apoiar nossos pleitos em sua campanha, mas foi tímido nas ações depois disso, e lá também as vitórias estão chegando via judiciário. Vargas Llosa tem um olhar afiado para reconhecer o mundo a sua volta, mereceu o prêmio por isso. Bom escritor, escolheu o termo “esquizofrênico”. Eu escolheria a expressão “pragmatismo hipócrita”, e, principalmente como homossexual, vou lutar contra isso até conquistar a igualdade civil. Sempre otimista, pois eu, ao contrário deles, realmente acredito em Deus. Abraços do Cavalcanti.
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