Ela e nós

Meus caros, agora é fato consumado: Dilma é a presidenta, e o será por quatro, talvez oito anos. Alguns estão desesperados, outros eufóricos. E agora, o que muda? Falo por mim, com um olhar de homossexual, e digo: quase nada, pelo menos para nós. Não acredito que ela venha a se revelar uma guerreira de nossa causa, nenhum presidente o é, todos bajulam os votos conservadores, pois precisam deles no Congresso. Ela assinou aquela carta de compromisso com os evangélicos, na qual dizia que não iria legislar em questões religiosas e acerca do aborto, bem como menciona expressamente o PLC 122, afirmando: “Será sancionado nos artigos que não violem a liberdade de crença, culto, e expressão e demais garantias constitucionais individuais existentes no País”. Afirmar que não legislará contra garantias constitucionais é chover no molhado. O casamento de homossexuais ficou na zona cinzenta dos chamados “Temas que afrontem a família”. No passado, ela já havia se manifestado a favor da união civil para nós, o que está lá, no PNDH 3, que ela lembrou que está sendo revisto.

Não acredito que uma mulher com o passado dela, com seu perfil histórico, seja realmente contra a revisão da lei do aborto, ou contra a concessão de direitos aos homossexuais. Ela pode ter falado isso, e escrito uma carta escorregadia, a qual acho que não vai se vincular. Em plena campanha ela diria o que fosse necessário para ganhar votos, mas agora a campanha acabou. Acho que seguirá, principalmente, o que sempre falou, o que é razoável,  se tratando de uma ex-guerrilheira. Não acredito que ela seja uma defensora da nossa causa, mas não acho que seja um obstáculo, tampouco agirá contra. Acho que nossos avanços serão bem recebidos. Lembro, pois é sempre necessário, que não quero a união civil, pois a considero inferior ao casamento civil, que a correta interpretação do artigo 5º da Constituição Federal nos garante. Dilma me parece uma Margaret Thatcher de esquerda. Thatcher era durona até dizer chega, não tinha medo de ser antipática, e peitou tarefas duríssimas, salvou a Grã-Bretanha do buraco, e certa vez afirmou: “Se você quiser que algo seja dito, chame um homem, mas, se quiser que algo seja feito, chame uma mulher”. Dilma é uma mulher que faz, vamos torcer para que faça coisas certas. Sejamos otimistas. Abraços do Cavalcanti.


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