Simas, nosso embaixador

Meus caros, eu sou fã de Beto Simas, embora nunca o tenha visto pessoalmente. Ouvi falar dele pela primeira vez na Dinamarca, por um dinamarquês que lutava capoeira, e que ficou indignado que eu não apenas não desse a mínima para o assunto, como não o conhecesse. Depois foi em Nova York, onde um vendedor de computadores me disse que estava de partida para Los Angeles, onde seria batizado como capoeirista por ele, que mora nos Estados Unidos. Logo depois eu soube que ele é conhecido como Mestre Boneco, e não é negro, como eu imaginara, mas branco, e foi batizado com esse nome exatamente por conta de uma certa ironia. Até muito pouco tempo atrás, havia sim alguma discriminação, os negros tratavam a capoeira como coisa deles, não viam com bons olhos a aproximação dos brancos, mas isso mudou, e mudou muito. Simas começou sua carreira como modelo, também fez bicos como ator, e acabou levando a capoeira a sério. Lindão, chegou a atuar como ator na série Malhação, da Rede Globo, e fez cinema, em uma pouco conhecida produção alemã onde, segundo consta, eu nunca vi fotos ou maiores detalhes, aparece totalmente nu. O fato é que a capoeira, durante a passagem de Gilberto Gil pelo Ministério da Cultura, tornou-se patrimônio nacional, assim é respeitada mundo afora, e ele se tornou um grande embaixador dessa arte mundo afora. A capoeira já está em cerca de 150 países do mundo e, por conta disso, em todos eles a língua portuguesa vem sendo estudada.

É sobre isso que foi rodado um documentário, Capoeira Pelo Mundo, exibido em cinco capítulos pela TV Brasil, o primeiro teria ido ao ar na última terça-feira. Assim me foi dito, mas eu só vi uma gravação, e achei maravilhosa. Mestre Boneco roda o mundo, mostrando como a capoeira está difundida, e como tem um potencial enorme para ir mais longe ainda. Até em Israel eles chegaram, misturando judeus e palestinos, numa mostra de que, embora seja uma luta, pode ser um instrumento de integração. A capoeira nasceu no Brasil há mais de 300 anos, foi criada e desenvolvida pelos escravos negros, como forma de defesa contra os soldados brancos. Leiam os livros 1808 e 1822, de Laurentino Gomes, e verão que ela já estava lá, 200 anos atrás, e era proibida, pois os guardas imperiais acabavam apanhando dos negros. Vergonhoso um brasileiro saber tão pouco sobre o assunto, concordo, por isso recomendo a todos que fiquem atentos à programação da TV Brasil, e não percam as próximas partes. Abraços do Cavalcanti.


Comentários

2 respostas para “Simas, nosso embaixador”

  1. Cavalcanti, gosto muito do seu blog, por isso gostaria de ver um post seu sobre homofobia, principalmente sobre o caso da agressão dos rapazes na av. paulista no ultimo domingo. Que depois do vídeo que saiu ontem, não deixa muitas dúvidas né… Será que vc tem coragem ou prefere falar só das coisas “amenas”??
    Abraço,
    Derik.

    1. Meu caro, será exatamente o post de hoje, deve ser liberado em alguns minutos. Leia meus posts e verás que nunca me faltou coragem, mas realmente misturo tudo. Meu leitor não é sempre gay, e o site não é de informação on-line. Quando falo muito de militância gay, acabo enchendo a paciência dos outros, e, acredite-me, minha audiência cai. Coluna diária tem disso. Mas tens toda a razão no seu comentário, obrigado por ele, e continue a me visitar e comentar. Abraços do Cavalcanti

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