O advogado de Salah Abdeslam vai apresentar queixa contra o procurador de Paris, que revelou à imprensa partes do interrogatório do suspeito dos atentados de Paris, noticiou a imprensa belga. Detido na sexta-feira em Bruxelas após mais de quatro meses de fuga, Abdeslam teve um papel determinante na logística dos ataques de Paris, segundo as autoridades francesas. O procurador, François Molins, revelou que na noite dos atentados Abdeslam “queria fazer-se explodir no Stade de France [estádio de futebol]”, mas “fez marcha atrás”.
“A leitura de parte da audição de Abdeslam em entrevista à imprensa constitui uma violação”, disse o advogado do suspeito, Sven Mary, ao diário belga Le Soir, acrescentando que vai apresentar queixa na segunda-feira (21). “Ele violou o segredo de justiça. Até agora ninguém tinha dado pormenores da investigação, apenas sobre o estado de saúde do meu cliente e sobre os trâmites do processo”, disse o advogado a um outro diário.
O Código Penal francês, que enquadra o segredo de justiça, permite em determinadas circunstâncias que um procurador não esteja obrigado a respeitá-lo, segundo a agência France Presse. “O procurador da República pode, oficiosamente e a pedido da jurisdição de instrução das partes, tornar públicos elementos objetivos retirados do processo que não comportem qualquer apreciação sobre a pertinência das acusações contra os arguidos”, determina o artigo 11 do código, citado pela agência.
No sábado, Abdeslam, alvo de um mandado de captura internacional, foi formalmente acusado pela justiça belga de “homicídios terroristas” e “participação em atividades de organização terrorista”. No mesmo dia, o advogado Sven Mary anunciou que vai recusar a extradição para França.
O procurador francês afirmou horas depois que essa recusa não impede a extradição, esclarecendo que o pedido de França não é um pedido de extradição mas um mandado de detenção europeu, de tramitação muito rápida. Segundo o ministro da Justiça francês, Jean-Jacques Urvoas, Abdeslam será entregue a França no prazo máximo de três meses.
Os atentados de 13 de novembro em Paris, reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, fizeram 130 mortos e mais de 300 feridos.
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