Meus caros, o Muro de Berlim está caindo, aos poucos, é claro, mas desaba a olhos vistos, e em horário nobre da televisão brasileira. Já falamos aqui sobre como os homossexuais ganharam visibilidade ultimamente, agora não mais apenas no famigerado BBB, mas também nas novelas das 7 e das 9, com direito ao que denominam “núcleo” e tudo. Essa semana, a Rede Globo anunciou sua política oficial, já está definido que não haverá beijo gay, pelo menos por enquanto, mesmo depois da morte de Lily Marinho, até então considerada única responsável pelo veto. Ridículo e revoltante, sim, outras emissoras já bateram a poderosa nesse quesito, e isso só demonstra o preconceito institucionalizado. Mas o que não falta são bibas de grande inteligência lá dentro, gente como o próprio Gilberto Braga, gay oficial e casado, coautor de Insensato Coração, e que está preparando aquilo que nós, gays, chamamos de babado forte. São alguns bons personagens gays, um deles maravilhosamente vivido por Leonardo Miggiorin, que está arrasando, arrancando risadas com seus trejeitos e gírias, tudo divertido. Mas já está anunciada a morte de um, vítima de um brutal ataque homofóbico, que não será o único. Nem tudo na vida dos gays é festa, é importante que o povo saiba disso, veja com seus próprios olhos, e sinta com o coração. O vilão oficial, Gabriel Braga Nunes, está arrasando, marcará história, mas nós, gays, é que ganharemos terreno.
Sábado passado, em Ti Ti Ti, Thales (Armando Babaioff), um dos personagens abertamente gays, declarou-se a Julinho (André Arteche), dizendo-se, com todas as letras, apaixonado por ele. Nos capítulos recentes, saiu do armário, afirmando-se como gay e tudo. Maria Adelaide Amaral, a autora, também está nos ajudando, e muito. Lembrem-se do padrão de assepsia das relações homossexuais das novelas até hoje. Não me lembro, acho que nunca houve cena igual. Foi deliciosa, embora eu só a tenha visto depois, pois só vejo novelas esporadicamente. Mesmo uma coisa simples e tão natural na vida de um homossexual, como dizer que ama outra pessoa do mesmo sexo, era impensável até agora. Pois mais essa pedra do Muro de Berlim caiu. É pouco? Na realidade é, mas, para nós, significa muito. É assim que as pessoas vão se acostumando, aos poucos, com a nossa existência. Somos naturais, normais, muito iguais a todo mundo. Brigamos pelos mesmos direitos, e só acompanhando a vida dessa forma, que seja pelas novelas, é que se combaterá o preconceito. Assim esperamos. Abraços do Cavalcanti.
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