Parece que todos os novos smartphones Android possuem telas de 5 polegadas ou maiores hoje em dia. E, apesar de eu receber muitas mensagens de leitores perguntando onde podem comprar um aparelho top de linha e tamanho menor, não sugeriria que eles trocassem de ecossistema por conta do novo iPhone SE. E isso não é por eu estar preocupada com a participação de mercado do Android.
As vendas de aparelhos Android estão crescendo nos mercados emergentes, e isso pode ser atribuído a duas coisas: eles são baratos e são enormes. O novo iPhone SE só parece existir como um serviço aos usuários que não abrem mão do conforto de ter um aparelho do mesmo tamanho dos seus já antigos iPhone 5 ou 5S, ou como uma alternativa um pouco mais em conta para quem faz questão de ter um iPhone.
Lembra quando os usuários de iPhone queriam um celular gigante? A Apple entregou isso com o iPhone 6 Plus. E agora está fazendo o mesmo com o iPhone SE, que tem apelo junto a um público pequeno de usuários que não querem aparelhos maiores. “Foi meio que uma surpresa quando a Apple disse que ainda há demanda por um aparelho menor de quatro polegadas”, afirmou o diretor de pesquisas da Gartner, Brian Blau, que compareceu ao evento da Apple nesta segunda-feira (21).
E, realmente, existe uma grande demanda. Segundo a MixPanel, cerca de 18% dos usuários de iPhone ainda usam um iPhone 5S de quatro polegadas, lançado há três anos. Na verdade, até o anúncio do iPhone SE, a Apple ainda vendia o iPhone 5S. Mas esse aparelho está começando a envelhecer, e a empresa está fazendo o que pode para atualizar seus usuários. A novidade também permite que a Apple tenha a opção de cortar o suporte para o iPhone 5S na próxima grande revisão do iOS sem deixar de fora os usuários de aparelhos de quatro polegadas.
A vantagem do iPhone SE são os seus componentes premium, que devem ser um grande incentivo para os usuários iOS com aparelhos mais antigos. Com o novo smartphone, eles recebem a câmera e o processador mais novos da Apple, e finalmente podem usar o Apple Pay.
Pelo lado do Android, não há tanto usuários pedindo um smartphone tão pequeno – é uma minoria. Existem muitos dados que mostram que celulares maiores vendem. Analistas da Statista apontam que serão vendidos 146 milhões de smartphones com telas maiores do que 5 polegadas em 2016, número ainda maior após o “boom” do ano passado. E isso sem contar as centenas de milhões de smartphones com telas entre 4,7 polegadas e 5 polegadas. Quem quiser um celular menor pode escolher entre aparelhos da Motorola e da OnePlus, dois celulares sólidos e que custam bem menos do que o iPhone SE.
Ainda é muito caro
Não há como negar que a existência do iPhone SE é ótima para os fãs da Apple. “Se você pensa em entrar para o iOS, agora há uma maior variedade de aparelhos para você escolher”, afirmou Blau. “Ao adicionar mais esse modelo com componentes melhores em uma tela menor, a Apple amplia sua linha de produtos para lugares onde eles nunca estiveram antes.”
Mas há um problema: o iPhone SE ainda é muito caro para muita gente, e deve ficar com um preço ainda mais salgado fora dos EUA, como bem sabemos aqui no Brasil. O modelo de 16 GB saírá por 400 dólares nos EUA, enquanto que a versão de 64 GB vai custar 100 dólares a mais. Isso é muito dinheiro para um aparelho tão pequeno, e mesmo quando a Apple teve um iPhone mais barato – com o 5C – mal fez cócegas nos números do Android no mercado.
Um tema recorrente do ano passado no mercado Android foram os smartphones premium por US$ 400, incluindo aparelhos como o Moto X Pure Edition, Nexus 6P, HTC One A9. Ou seja, não é preciso gastar mais deUS$ 400 para ter um ótimo e moderno aparelho Android, e as pessoas mais cuidadosas com dinheiro podem desembolsar bem menos do que isso.
A guerra é igual para todos
Fã de aparelhos Android, você não tem nada com que se preocupar com a participação do sistema do Google no mercado. O iPhone SE existe apenas para ajudar a saciar aqueles mais aficionados pela Apple que não querem um aparelho maior. Também é importante lembrar que estamos entrando em uma era de estagnação do mercado de smartphones, o que significa que as empresas vão achar qualquer desculpa para lançar um novo aparelhos. “As vendas de smartphones eventualmente vão cair. Vamos começar a ver uma suavizada. Apple e Google terão de trabalhar mais…a concorrência vai ficar mais pesada”, afirma Blau.
Ou seja, a batalha pelo seu bolso apenas ficará mais intensa. “Consigo ver os ecossistemas da Apple e do Android ficando mais agressivos e indo um atrás do outro, especialmente à medida que as taxas de penetração de smartphones ficam maiores no mundo todo”, afirma o analista. “Vamos começar a ver essas empresas competirem mais fortemente em termos de inovação.” Mas colocar os recursos do iPhone 6S no corpo do iPhone 5S não é muito inovador.
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