De Lawrence a Offer e Tommer

Caríssimos, de agora em diante, ou que o Oriente Médio pegue fogo de vez, duro será chamar a atenção dos brasileiros a isso. O Carnaval está aí. Se a Terceira Grande Guerra começar, é favor nos avisar apenas na quinta-feira, dia 10. Sobre isso falaremos nos próximos posts, mas hoje quero falar de dois gays cujas histórias estão diretamente ligadas à confusão do momento. Um há muito tempo falecido, e o outro estará aqui mesmo no Brasil. Uma pequena ligação entre passado e presente é sempre oportuna.

Como começou a confusão nos países árabes é coisa que data da era de Cristo, impossível voltar tanto, mas podemos voltar ao início do século passado, quando a região ainda era tomada pelo Império Otomano, Turco, a bem dizer, e cuja implosão teve o auxilio pessoal e inestimável de Lawrence das Arábias. Morto em 1935, imortalizado não apenas por seus feitos heróicos do início do século XX, mas pelo filme de David Lean, em 1962. Nenhum historiador nega que ele foi um dos maiores homens de seu tempo. Conhecia profundamente aquela região, sua teia de facções religiosas e as forças políticas. Ajudou a retirar os turcos da região, sob a promessa, de seus superiores ingleses, de que o poder seria depois entregue aos próprios árabes. Foi traído –  pelos ingleses. Mudou de lado, começou a ajudar os árabes, principalmente o Rei Faisal I, que reinou desde o Iraque até a Síria. Na fatídica Conferência de Versailles, em 1919, era Lawrence quem falava pelos árabes, mesmo quando se fazia de tradutor. A criação do Estado de Israel, como o conhecemos hoje, já se desenhava naqueles dias.

Um detalhe, que não o reduz em nada como pessoa, muito pelo contrário, foi sua sempre controvertida sexualidade. Sadomasoquista ele era, infinitos relatos comprovam, a começar pelo dele mesmo, em seu livro maravilhoso, Os Sete Pilares da Sabedoria. O filme mostra uma cena dele sendo chicoteado, e sabemos hoje em dia que ele adorava. Também são inúmeros os relatos de soldados, ingleses e árabes, que o possuíram sexualmente, a pedido dele. Era um homossexual à moda antiga, vale dizer, nunca teve nenhuma relação afetiva notória, mesmo porquê não se falava nisso naquela época. Mas, por favor, reparem que eu e ele temos o mesmo nome!

Mas um cidadão israelense, nascido naquela região por onde Lawrence transitou tanto, chegará ao Brasil, se é que já não está por aqui, meu adorado DJ Offer Nissin. Já o ouvi tocar várias vezes, e ele me leva a verdadeiros transes, misturando seu ritmo a sons e cânticos judaicos. Ele tocará em Salvador, no maravilhoso trio elétrico Liberty. É um dos maiores símbolos de Israel para mim nos dias de hoje, pois, homossexual assumidíssimo, leva uma bandeira cosmopolita, uma mensagem de paz e alegria mundo afora. Com ele virá outro DJ israelense, Tommer, nunca o ouvi, mas deve ser tão maravilhoso quanto. Não irei a Salvador, mas o Liberty passa pela rua, é imperdível ir atrás. E, por favor, lembre: é uma recomendação enfática do Cavalcanti.


Comentários

Uma resposta para “De Lawrence a Offer e Tommer”

  1. Meu caro, como diziam os baianos: atrás do trio elétrico… E é até engraçado. Nós, que na juventude seguíamos o corso pelas avenidas do RJ, agora pularmos ao som dos DJs de Israel pela orla em Salvador. Eu bem que gostaria de ver, mas pretendo, no máximo, pegar um cinema. Beijas.

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