Queridos, Obama já não está nem mais no Chile, por onde fez uma passagem relâmpago. A essa altura do campeonato já deve estar voando para a América Central, San Salvador, salvo engano. Eu ia à Cinelândia ouvi-lo falar, teria sido um momento histórico, mas acharam arriscado demais, e eu não estava entre os midiáticos poderosos, não consegui um convite para ouvir os 20 minutos de fala dentro do teatro. Já soube que não perdi grande coisa, salvo a oportunidade de ver um presidente dos Estados Unidos ao vivo e em cores, mesmo que sentado na última das poltronas, já assisti a belíssimos espetáculos lá do poleiro. Eu não seria ingênuo a ponto de esperar por grandes mensagens, frases de grande efeito, ou um show de comunicação. Obama fala bonitinho, mas não tem muito a dizer. Já falei aqui nesse blog o quão pouco ele realmente pode fazer, menos ainda aquilo que ele quer fazer. Quando se trata de direitos civis, ele fez bastante, sancionou a Lei Shepard-Bird, que deu aos homossexuais americanos uma arma concreta contra a homofobia, acabou com a hipocrisia do Don’t Ask, Don’t Tell, e continua fazendo pequenos, mas significativos, movimentos a nosso favor. Hillary Clinton fez muito mais do que ele e foi nossa melhor lobista ao longo das últimas décadas.
A mudança de atitude foi evidente: o presidente americano veio para cá, em vez da nossa ir para lá, os Obama desceram a escada do avião como uma família que veio em férias, e não havia nenhum aparato diplomático ao pé da escada. Ele só foi encontrar nossa Chefa de Estado depois de subir a rampa do Palácio do Planalto, assim manda o protocolo, nada de beijar os pés do Poderoso quando ele chega. Lá estava Dilma, bem vestida, adorei aquele chale. Nosso discurso foi mais duro e enérgico, Dilma foi direto à agenda comercial, sem hipocrisias, botou os dedos nas feridas, e o outro ouviu, educadamente. Lógico que sabia o que ia ouvir, por regra os discursos são exibidos um ao outro antes. O que então ele nos trouxe? Digo a nós, homossexuais: o exemplo de quem está fazendo algo por nós, algo que vem lá de cima, e nos ajuda muito.
Poucos acreditam quando digo que presidente americano não manda tanto assim. Ele pode brincar com seu poderoso(íssimo) exército mundo afora, está fazendo exatamente isso na Líbia, mas, quando se trata de mexer na economia, ou fazer leis, tem as mãos atadas pelo sistema legislativo norte-americano. Enfim, ver um homem desses é sempre um momento histórico, e ele é lindão, eu o acho um charme. Teria sido bárbaro. Fica para uma próxima vez – se houver! Abraços do Cavalcanti.
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